BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A quantidade de agentes de forças de segurança concorrendo a algum cargo nas eleições cresceu pela segunda vez consecutiva.

São 1.858 policiais, bombeiros e militares concorrendo em 2022, de acordo com os pedidos registrados até o momento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). O aumento é de 27,5% em relação a 2018.

Considerando a profissão declarada, a categoria com o maior aumento é a dos policiais militares (36,5%). O número de membros das Forças Armadas, ativos ou reformados, que postulam a uma vaga permaneceu estável, com queda de 305 para 300 neste ano.

Também houve elevação no número de candidatos que se declararam como líderes de alguma ordem ou seita religiosa, ou que utilizam funções eclesiásticas no nome de urna. O número passou de 633 no último pleito para 713 neste ano, um crescimento de 12,6%.

O levantamento mostra uma maior presença de líderes evangélicos. Os termos mais usados nos nomes que serão exibidos nas urnas são pastor e pastora (374). Isso representa pouco mais da metade dessas candidaturas e um aumento de 17,2% no uso desse posto em relação ao pleito anterior.

O presidente Jair Bolsonaro (PL) tende a obter apoio mais expressivo nesses dois segmentos, como fica evidente na escolha partidária.

Do total de agentes das forças de segurança concorrentes, um quarto (462), são de algum dos três partidos da coligação de Bolsonaro, em especial o PL (231).

Embora não integre oficialmente a coligação, o bolsonarista PTB é a segunda maior legenda a abrigar essa categoria de candidatos (139).

Concorrendo a deputado estadual no Rio de Janeiro, o ex-policial Fabrício Queiroz, pivô do suposto esquema de rachadinhas no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, se lançou pelo PTB de Roberto Jefferson, apoiador do presidente da República.

Já as siglas de esquerda têm poucas candidaturas. PDT, PSB, Psol, PT, Rede, PV, PCdoB e PSTU somam 94 postulantes que se identificaram como agentes de segurança.

Juntas, as categorias de policiais, militares e líderes religiosos superam o número de professores candidatos, tradicionalmente uma categoria com muita participação nas campanhas.

O levantamento considera as profissões informadas pelos candidatos ao preencher o cadastro no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e o nome inscrito para ser utilizado nas urnas.

Entre os agentes de segurança, foram incluídos na análise aqueles que utilizam patentes militares e cargos da Polícia Civil, por exemplo, em seus nomes de urna.

No caso dos religiosos, foram considerados também os que utilizam nomes de urna contendo cargos eclesiásticos (pastor, bispo, padre, missionário, etc.), além dos que informaram de fato terem o sacerdócio como profissão.

"Quando falamos em 'politização' das forças de segurança, há uma acepção do termo que é positiva, ou seja, há a aposta da Constituição de que todos os brasileiros se tornem cidadãos ativos e conscientes de seus deveres e obrigações", disse o diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, em nota distribuída à imprensa.

"Ruim é a radicalização partidária e ideológica desses profissionais e a politização das instituições policiais", completou.

Os candidatos costumam destacar no nome de urna o cargo que ocupam na hierarquia das corporações. Sargento, coronel, delegado, cabo e tenente são os mais comuns nestas eleições de 2022.

Tanto a polícia quanto as forças armadas possuem regras para isso. A PM do Distrito Federal, por exemplo, define que "sempre que o policial militar da reserva remunerada ou reformado fizer uso do posto ou graduação, deverá fazê-lo com as abreviaturas respectivas de sua situação".

Já a lei dos militares determina que os membros da reserva devem se abster de usar "as designações hierárquicas em atividades políticos partidárias". A determinação, contudo, não é respeitada.

Neste ano, há 17 pessoas com o cargo de general no nome de urna -o posto só existe nas Forças Armadas. Um deles é o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, que concorre a deputado federal no Rio de Janeiro como General Pazuello.

Empresário foi a profissão declarada mais vezes pelos candidatos, com 3.487 registros neste ano. Em seguida aparecem advogado (2.005), vereador (1.077), deputado (1.072) e policial militar (815).


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