BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) disse, nesta sexta-feira (19), que jamais seria inimigo do governador candidato a reeleição em Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), e que não vai criticá-lo.

A declaração é um afago ao chefe do Executivo mineiro, apesar de Bolsonaro ter candidato próprio no estado: senador Carlos Viana (PL-MG).

"Não vou criticar o Zema, porque temos um candidato aqui ao governo do estado pelo meu partido, o Carlos Viana. Também é uma boa pessoa, está fazendo seu trabalho, dou meu apoio a ele. Jamais serei inimigo do Zema, até porque não tenho como ser inimigo dele ", disse, em entrevista à rádio 98 FM, de Minas Gerais.

O estado é considerado chave para quem concorre ao Palácio do Planalto, uma vez que é o segundo maior colégio eleitoral.

Segundo a última pesquisa do Datafolha, divulgada na quinta-feira (19), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera em Minas Gerais, com margem superior à nacional: 20 pontos percentuais à frente de Bolsonaro, contra 15 nacionalmente.

O levantamento para governo do estado mostra que Zema, elogiado por Bolsonaro, está liderando nas intenções de voto, com 47%.

Em seguida, vem o ex-prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD), com 23%. E, em terceiro lugar, está o candidato de Bolsonaro, Viana, com 5%.

As pesquisas explicam o gesto do chefe do Executivo. Na entrevista, gravada em Belo Horizonte às 14h, mas exibida às 19h, Bolsonaro justifica não ter dado apoio a Zema porque o vice na chapa presidencial do Novo, deputado federal Thiago Mitraud (Novo-MG) é crítico ao seu governo.

"Não fechei com o Zema porque ele passou a ter um candidato a presidente cujo vice, a cada três palavras, duas bate em mim. Falei: 'Zema, não tenho condições. Não vou fazer nada contra você'. Até porque estaria traindo a minha consciência", disse.

"Vou ter o Carlos Viana aqui que não é um franco-atirador. Tem potencial, caso chegue [a ganhar, vai] fazer um bom governo também. Minas Gerais está bem servido com dois candidatos".

Na tarde desta sexta-feira, Jair Bolsonaro esteve na cerimônia de instalação do Tribunal Regional Federal -6ª região, no Palácio das Artes de Belo Horizonte.

O TRF-6 ficará encarregado do julgamento de processos relativos a Minas Gerais. Antes, as ações impetradas eram analisadas pelo TRF-1, que reunia demandas judiciais de 13 estados e do Distrito Federal. A criação da corte foi aprovada pelo Congresso a partir de projeto de lei enviado pelo STJ (Superior Tribunal de Justiça) e sancionado por Bolsonaro.

Ele discursou brevemente na cerimônia. O presidente declarou ser um prazer discursar no estado em que "renasceu" --em referência à facada que sofreu em Juiz de Fora (MG), em 2018.

"Temos muita gente de todos os Poderes para nos ajudar a fazer um Brasil melhor para todos nós. Quero agradecer a todos, parabenizar Minas Gerais e pedir a Deus que ilumine a todos vocês daqui a aproximadamente 50 dias, quando estaremos decidindo o que nós queremos para o nosso Brasil."

Bolsonaro iniciou sua campanha eleitoral, na terça-feira (16), com um encontro com lideranças religiosas no Aeroclube de Juiz de Fora (MG), uma motociata e, depois, um discurso a apoiadores.

Na ocasião, falou em milagres, disse que o Brasil marchava para o socialismo e prometeu queda na taxa do desemprego.

Como a Folha mostrou, a estratégia da campanha de reeleição do presidente é de intensificar, nesta primeira etapa, agendas nos estados do Sudeste. O objetivo é buscar consolidar seu desempenho nos maiores colégios eleitorais do país, e tentar reverter a rejeição entre jovens e mulheres.

Além disso, o vice na chapa de Bolsonaro, general Braga Netto, é mineiro.

Apesar da vantagem do petista sobre Bolsonaro ser maior em MG, no Rio de Janeiro e em São Paulo ela é menor: 6 e 13, respectivamente.

Pesquisa Datafolha desta quinta-feira (18) mostrou que, em todo o país, Lula tem 47% de intenção de votos contra 32% de Bolsonaro.


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