A propaganda eleitoral teve início nesta semana, com a primeira inserção das peças para rádio e televisão na sexta-feira (26). A peculiaridade desse início de campanha, de acordo com o cientista político e professor do Departamento de História e do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Fernando Perlatto, é dada pela temperatura do cenário nacional.
“A disputa entre Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocada de acordo com as pesquisas mais recentes, mostra um voto mais consolidado do eleitor, de modo que a eleição já começa mais quente do que percebemos em eleições anteriores. Geralmente, o processo demora, as eleições vão ganhando corpo pouco a pouco”, destaca o professor.
A coincidência da realização das sabatinas com os candidatos no Jornal Nacional da TV Globo, foi um dos pontos de tensão dessa primeira semana, que tiveram relevância no debate político no país. “O eleitor ainda não está com o foco tão centrado nas eleições estaduais e nas eleições vinculadas ao poder legislativo, tanto para os deputados, quanto para o senado. Isso ainda está um pouco frio, por conta da agenda nacional ainda estar nesse momento com um ganho de protagonismo”, com isso, segundo Perlatto, o esperado é que, à medida que as inserções vão entrando e vão avançando, há uma tendência de diluição do debate para o âmbito estadual.
O que contribui para isso, conforme o professor, é uma tradição fortemente ancorada no Poder Executivo. “Tanto é que assim, que as pesquisas mostram que as pessoas tendem a se lembrar muito mais em quem votaram para prefeito, governador e presidente, do que para quem votou em vereador ou deputado.” Nesse sentido, os cargos legislativos costumam sair de uma posição secundária.
Esse movimento, no entanto, vem se alterando nos últimos anos. “Sobretudo depois de 2016, a Câmara dos Deputados têm ganhado espaço, por uma série de questões, um poder de agenda muito forte. Hoje o legislativo está quase tão forte quanto o executivo. Isso causa a possibilidade de um cenário de forte tensão.
Minas Gerais e Juiz de Fora
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Minas Gerais tem 10 candidatos a governador, 1.094 ao legislativo federal, 1.399 ao legislativo estadual e 9 ao senado.
O órgão não divulga o número total de candidaturas por município. Porém, um detalhe chama a atenção. Da legislatura atual, em Juiz de Fora, de 19 vereadores, 11 vão concorrer, sendo 8 candidatos a deputado estadual: Carlos Alberto Bejani Júnior (Pode), Aparecido Reis Miguel de Oliveira (Rede), Antônio Santos de Aguiar (União Brasil), Júlio César Rossignoli Barros (PP), Marlon Siqueira Rodrigues Martins (PP), Nilton Aparecido Militão (PSD) e Hitler Vagner Cândido de Oliveira (PSD) e Tallia Sobral Nunes (PSOL) e 3 a deputado federal: Juraci Scheffer (PT), Kátia Aparecida Franco (Rede), Carlos Alberto Mello (PTB) .
Na avaliação do professor Fernando Perlatto, esse número é expressivo por dois motivos principais. Uma trajetória política natural. O fluxo entre os cargos de vereador e de deputado tende a ser o caminho natural da trajetória dos políticos. O segundo é que a candidatura a deputado é uma estratégia política também, que confere projeção a essas pessoas.
“De um modo ou de outro, a projeção na eleição no Legislativo, a depender do resultado, abre caminho para a projeção de outras questões, como a disputa a uma prefeitura. Quando o candidato se lança, não faz isso visando somente o resultado daquelas eleições. Há também um reposicionamento desse candidato dentro das disputas que serão colocadas nas próximas eleições”, afirma Fernando Perlatto.
Há também o risco de o eleitorado avaliar negativamente as candidaturas, mas essa visão é menos comum, de acordo com o professor, em relação aos mandatos legislativos. “Tivemos exemplo em Juiz de Fora, que é o caso do Bruno Siqueira. Trajetória que sai da Prefeitura para se lançar ao estado e isso tem um impacto brutal na sua popularidade. Do ponto de vista do legislativo esse tipo de mudança tem um impacto menor por parte do eleitor. A não ser que o candidato em suas campanhas se comprometa nesse sentido. No executivo o impacto é maior. Esse trânsito é mais naturalizado no imaginário”.
Ele considera, no entanto, que os vereadores assumiram há pouco tempo e, embora esse caminho faça parte do processo, pode ser visto como negativo por alguns eleitores. O movimento, no entanto, pode também ser uma forma de projetar pautas e agendas do partido, o que Perlatto reitera depender do resultado final.
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