SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para 72% dos eleitores brasileiros, a próxima pessoa a ocupar o Palácio do Planalto deverá tomar um rumo diferente do adotado pelo atual usuário da cadeira, Jair Bolsonaro (PL).

Segundo pesquisa do Datafolha realizada de 30 de agosto a 1º de setembro, querem que a ação presidencial siga a mesma 26% dos entrevistados, enquanto 2% não souberam opinar.

O desejo por mudança é majoritário mesmo entre os 32% que declaram voto no presidente. Para 68% deles, a ação do governo tem de mudar, ante 29% que preferem que ela continue o caminho atual.

A vontade de um governo diferente é ainda maior entre aqueles 27% que consideram a gestão atual regular, 82%. De forma previsível, isso cai para 28% entre os que aprovam Bolsonaro e sobe para 98% entre quem o desaprova.

Entre os 45% que disseram votar no líder da corrida até aqui, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), 96% desejam a mudança e 3% se dizem satisfeitos.

O perfil de insatisfação segue, em linhas gerais, o da intenção de voto. Defendem a continuidade grupos que mais votam em Bolsonaro, como quem ganha de 2 a 5 salários mínimos (33% de manutenção das ações) e os mais ricos (40%).

Na mão contrária, mulheres (76%), jovens (81%), mais pobres (79%) e nordestinos (79%) rejeitam o atual rumo.

Após mais de dois anos e meio de pandemia de Covid-19, a saúde puxa numericamente a lista de temas que os brasileiros querem ver como prioridade de mudança por parte da Presidência.

O tema é espinhoso para Bolsonaro na campanha, dado o negacionismo dele e de seu governo ao longo da crise sanitária. Agora, ele tenta mudar o discurso e dizer que promoveu compra de vacinas, omitindo a protelação que marcou sua ação.

A saúde é citada por 75% dos insatisfeitos como prioritária, seguida por emprego (71%), educação (71%), combate à violência (66%) e à corrupção (67%), além de defesa de valores familiares (61%).

Com efeito, a vontade de mudar na saúde cai entre eleitores do presidente, para 41%.

Apesar de negativo, o cenário já foi pior para Bolsonaro, o que acompanha a melhoria relativa de sua avaliação. O Datafolha fez a mesma pergunta em dezembro de 2021, e naquele ponto 83% desejavam uma ação diferente da adotada pelo Planalto.

Na mesma etapa da campanha de 2014, o desejo mudancista também era forte: 79% queriam uma atuação diferente da de Dilma Rousseff (PT) -que, naquele momento, empatava com Marina Silva (PSB) à frente da pesquisa com 34%.

A presidente de então foi ao segundo turno contra Aécio Neves (PSDB) e venceu, mas dois anos depois acabou sofrendo impeachment.

Foram ouvidos 5.734 eleitores em 285 municípios, com uma margem de erro global de dois pontos para mais ou menos, considerando um índice de confiança de 95%. A pesquisa, contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo, está registrada sob o número BR-00433/2022 no Tribunal Superior Eleitoral.


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