GOIÂNIA, GO (FOLHAPRESS) - A disputa pelo Governo de Goiás nestas eleições sinaliza para continuidade e sem polarização. Os dois palanques mais competitivos dividem a direita entre o distanciamento e a busca por apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL).
Mesmo com a fragmentação dos candidatos à direita, a possibilidade de segundo turno parece reduzida. Nas pesquisas eleitorais, os candidatos apoiados pelo presidente e candidato à reeleição e pelo seu maior adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não aparecem na liderança.
O governador e candidato à reeleição, Ronaldo Caiado (União Brasil), tem entre seus adversários o ex-prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha (Patriota). Também concorrem o deputado federal Major Vitor Hugo (PL), a professora Helga (PCB), a socióloga Cintia Dias (PSOL) e o professor Wolmir Amado (PT).
Apontado como um dos favoritos, Caiado, que é médico, já foi aliado de primeira hora de Bolsonaro, de quem se distanciou nos dois últimos anos, após afirmar que não admitia discurso contra orientações das autoridades sanitárias durante a pandemia da Covid-19.
Depois, mesmo com a "divergência democrática", como o governador costuma dizer, os dois tentaram reatar a relação, que continua fria e distante.
Em abril deste ano, por exemplo, um grupo bolsonarista chegou a interromper discurso de Caiado, durante evento com o presidente em Rio Verde, no sudeste goiano. Houve gritos "fora, Caiado".
Apesar do distanciamento político de Bolsonaro, com quem trocou apoio declarado nas eleições de 2018, Caiado se esforça para evitar conflitos com eleitores bolsonaristas e não endurece as críticas ao presidente para manter o voto.
Constantemente, exalta as forças policiais e costuma dizer que "Goiás era dominado pela bandidagem" antes de seu governo.
Em 2015, a Folha revelou que Caiado designou uma servidora nomeada por ele no Senado para trabalhar em seu escritório particular, destinado a cuidar de suas fazendas. Pelas regras da Casa, assessores de senadores nos estados devem trabalhar em escritórios políticos previamente indicados pelos congressistas.
Já Mendanha tenta conquistar os eleitores destacando sua gestão como prefeito de Aparecida de Goiânia, a segunda maior cidade do estado, na região metropolitana.
É exatamente aí que Mendanha tem um de seus maiores obstáculos para crescer nas pesquisas eleitorais. O desafio dele é se tornar mais conhecido no interior do estado.
Ele foi eleito prefeito em 2016 e se reelegeu na disputa seguinte. Antes, conseguiu ser eleito vereador e atuou como secretário de Esportes do município.
A expectativa do ex-prefeito de Aparecida de Goiânia é levar a disputa para eventual segundo turno, já que, até o momento, o presidente apoia o candidato Major Araújo, presidente de seu partido em Goiás, ao governo do estado.
Em maio, Mendanha chegou a se reunir com Bolsonaro no Palácio do Planalto, para um possível alinhamento entre os dois e insistir no apoio do presidente.
Na época, ainda como pré-candidato, o ex-prefeito chegou a publicar em suas redes sociais que estava "dialogando pelo desenvolvimento de Goiás". Desde então, não conseguiu evoluir nas tratativas. Mesmo assim, já manifestou publicamente voto em Bolsonaro.
Na prática, ele tenta projetar declarações à imagem e semelhança do presidente da República durante o período eleitoral.
Em recente entrevista a jornalistas, ele ainda disse que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) estava usurpando a função de outros Poderes e criticou o presidente da corte, o ministro Alexandre de Moraes.
O candidato Major Vitor Hugo, por sua vez, não tem conseguido obter o mesmo desempenho de seu principal apoiador. Em Goiás, Bolsonaro apresenta leve liderança nas pesquisas eleitorais em relação ao ex-presidente Lula.
Major Vitor Hugo, um dos candidatos mais próximos ao presidente nas eleições estaduais, aposta na amizade com o mandatário e no fortalecimento da relação dos dois, durante o período em que foi líder do governo na Câmara dos Deputados, de janeiro de 2019 a agosto de 2020.
Outro fator também influencia a corrida eleitoral. No início deste mês, o ex-governador Marconi Perillo (PSDB), maior inimigo político de Caiado, retirou sua candidatura ao Executivo estadual e decidiu se lançar ao Senado. Não há candidato tucano a governador.
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