BRASÍLIA, DF, E SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) abordará o Bicentenário da Independência durante programa eleitoral que vai ao ar nesta terça-feira (6), com críticas ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e acusação de que o atual governo ameaça a soberania do Brasil.
Lula aparecerá ao lado do ex-governador Geraldo Alckmin (PSB), seu vice na chapa. Os dois gravaram a mensagem na tarde de segunda (5).
A propaganda inicia com uma narração de Marieta Severo, que afirma que o "verde e amarelo pertence a todas as cores desse país".
"A nossa bandeira é nossa pátria, pátria amada. Não é de quem propaga ódio e quer armar o povo, nem de racistas preconceituosos", diz.
Em seguida, ainda no programa eleitoral, Lula faz crítica a Bolsonaro e fala sobre soberania do país.
"O Brasil está completando 200 anos de Independência. O 7 de Setembro é para ser comemorado com alegria e união por todos os brasileiros. Infelizmente não é o que acontece hoje. Este governo abandonou o povo e vem destruindo o país. Eles usam nossa bandeira para mentir, pregar o ódio e incentivar a venda de armas", afirma Lula.
"Eles ameaçam a nossa soberania e soberania é a defesa do nosso território e nossas riquezas, respeito à democracia, com povo feliz, com comida na mesa e oportunidades. Eu tenho fé que o Brasil reconquistará a sua independência e voltar a ser respeitado pelo mundo", continua o ex-presidente.
A propaganda ressalta promessas de Lula, de que manterá o auxílio Brasil em R$ 600 mais R$ 150 para cada criança de até seis anos e um programa de renegociação de dívidas e finaliza com uma mensagem de Alckmin.
"Viva o Sete de Setembro, viva a nossa independência. Nossa democracia e soberania está em grave ameaça. Se é isso que está em jogo precisamos nos unir", diz o candidato a vice-presidente.
A intenção é fazer um contraponto às manifestações organizadas por aliados de Jair Bolsonaro (PL), incentivadas pelo próprio presidente.
A ideia é que Lula não deva cumprir uma agenda específica no 7 de Setembro para tratar do Dia da Independência.
O tema é delicado, na avaliação de aliados do petista, porque há uma preocupação com a própria segurança do ex-presidente, devido ao grau de animosidade de bolsonaristas que deverão ir às ruas em atos pelo país.
Além disso, a avaliação é que qualquer agenda que Lula participe dificilmente não será comparada com os atos e eventos oficiais, amparados pela máquina de governo.
A equipe de segurança do petista avalia que ele poderia participar de reuniões contanto que não fosse a áreas dominadas por apoiadores de Bolsonaro.
Até o momento, no entanto, não há nada previsto. Uma ala da campanha defende que Lula se limite ao pronunciamento na televisão.
O presidente Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, deve acompanhar o desfile cívico-militar em Brasília pela manhã. À tarde, ele deve viajar ao Rio para uma manifestação de apoiadores em Copacabana que também terá demonstrações de aviões da FAB (Força Aérea Brasileira) e de navios da Marinha.
No dia 8, Lula seguirá para o Rio onde participa de série de agendas. Inicialmente, o petista viajaria na noite de quarta (7), mas mudou para evitar incidentes com bolsonaristas. Estão previstos um comício em Nova Iguaçu na própria quinta e um encontro com evangélicos em São Gonçalo, na sexta (9).
Candidato do PT ao Governo de São Paulo, o ex-prefeito Fernando Haddad afirmou à imprensa na segunda (5) que a militância não deve cair em provocação de apoiadores de Bolsonaro no Dia da Independência.
"A gente deveria estar, neste momento, tentando unir civicamente o país em torno de uma data importante para todos os brasileiros e não para os correligionários do Bolsonaro", afirmou.
"Nós deveríamos estar comemorando o Bicentenário. Infelizmente vamos estar divididos porque o governo está promovendo uma divisão, é um escândalo isso. Não aceitar provocação, celebrar, mas sabendo que tem gente querendo arrumar confusão", disse ainda.
No ano passado, o 7 de Setembro foi marcado por declarações golpistas de Bolsonaro e por ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
As ameaças do mandatário em 2021 aprofundaram a crise entre o Planalto e o Judiciário. A temperatura começou a baixar após Bolsonaro, que foi fortemente criticado na ocasião, divulgar uma carta em que negou que tivesse qualquer intenção de agredir os demais Poderes.
Como a Folha de S.Paulo mostrou, em julho, o ex-presidente sugeriu a aliados não medir forças com bolsonaristas no 7 de Setembro. A percepção é que a data deverá ser o dia D para a campanha do presidente.
Em reunião da coordenação de campanha do petista, em julho, segundo aliados, o próprio Lula desencorajou a realização de um ato apenas como resposta aos bolsonaristas, que terão a máquina administrativa a seu favor.
Por sugestão do petista, movimentos sociais planejam para o dia 10 de setembro, e não 7, a mobilização da Semana da Pátria.
Para esta quinta, está mantido o Grito dos Excluídos, manifestações de alas católicas criado em 1995 e que tem o apoio do MST (Movimento Sem Terra). A expectativa é a de que eles ocorram em número menor.
De todo modo, o grito foi marcado para ocorrer nos 26 estados, exceto no Distrito Federal. A avaliação de integrantes do MST, por exemplo, é que a capital tem clima mais hostil já que tem uma maioria apoiadora de Bolsonaro e os atos ocorreriam em pontos próximos.
Além disso, um dos principais eventos em alusão ao 7 de setembro realizados por Bolsonaro ocorrerá em Brasília. Por isso, a orientação da organização do grito é, por ora, evitar o DF.
Mesmo assim, as manifestações ocorrerão em São Paulo, onde a concentração está marcada para às 9h, na Praça da Sé, e no Rio, às 9h, em Uruguaiana, com um samba em comemoração à data no período da tarde, na Cinelândia.
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