BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) negou, nesta quinta-feira (8), acusações de abuso de poder por ocasião dos atos de 7 de Setembro, data do Bicentenário da Independência, em que ocorreram manifestações de apoio ao chefe do Executivo pelo país.
"Que abuso de poder? Não gastei um centavo, paguei todas as minhas despesas, houve separação clara entre o ato cívico-militar e o ato lá de fora", afirmou em sua transmissão semanal nas redes sociais.
Ele disse ainda que outros candidatos poderiam ter ido aos eventos ou mesmo mobilizado carros de som para si próprios.
Os advogados da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) prometeram acionar o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) contra Bolsonaro sob a alegação de abuso de poderes político e econômico.
Durante a live desta quinta, Bolsonaro também reclamou de manchetes de jornais, como do jornal Folha de S.Paulo, que disse que "Bolsonaro captura o 7 de Setembro com comícios, machismo e ameaças repetidas".
O presidente negou que tenha feito ameaças ou cometido machismo, alegando não ter citado nominalmente ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e justificando o coro de "imbrochável", puxado por seguidores e reforçado por ele próprio ao microfone. Segundo o mandatário, o termo fálico, repetido por ele em diferentes discursos em eventos oficiais, é um sinônimo de resistência a ataques.
"Que que eu ameacei, meu Deus do céu? Meus dois pronunciamentos, os dois juntos, acho que não passei de 30 minutos. Qual foi a ameaça? Falei o nome de algum ministro do Supremo? Falei em TSE?", questionou.
De fato, Bolsonaro não citou os tribunais diretamente neste ano nem o ministro do STF Alexandre de Moraes, que também preside o TSE. Enquanto no ano passado ele se referiu ao magistrado e atual presidente do TSE de "canalha" e pregou desobediência ao Judiciário, neste ele reduziu o tom golpista.
O mandatário manteve ameaças mais veladas ao dizer que vai levar "para dentro das quatro linhas [da Constituição] todos aqueles que ousam ficar fora delas". Ele costuma usar o termo para criticar ministros do Supremo.
No ano passado, ele havia sido mais direto ao dizer que "ou o chefe desse Poder [Judiciário, ministro Luiz Fux] enquadra o seu [ministro] ou esse Poder pode sofrer aquilo que nós não queremos".
A insistente narrativa de Bolsonaro de meses anteriores, de questionamento à confiabilidade das eleições, às urnas e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), também ficou de fora das pregações centrais do presidente.
Apesar de ter amenizado o tom, alguns de seus apoiadores levaram mensagens autoritárias nos atos, incluindo faixas e cartazes em diversos lugares do país.
O presidente negou que tenha sido machista, mas respondeu apenas ao fato de ter puxado o coro do "imbrochável". Além do termo, o presidente pediu que as pessoas comparassem primeiras-damas, ressaltando a sua esposa, Michelle Bolsonaro, a quem chamou de "uma mulher de Deus" e "princesa".
"Machismo, meu Deus do céu? [Qual foi o] Machismo que aconteceu aqui em Brasília: Cuiabano, que é um animador de rodeios no Brasil, me dou muito bem com ele, falou lá que presidente é imbrochável, mas devia ter falado que, apesar dos ataques, das pancadas que a gente leva 24 horas por dia, de maldade, quis dizer que eu sou imbrochável porque eu resisto. Não vou dar pra trás, vou reagir, como temos reagido a tudo isso", afirmou na live.
O chefe do Executivo se queixou da reportagem da Folha que trouxe estudos que mostram que cerca de 70% dos homens na idade de Bolsonaro tem dificuldades em ter ereções.
Ele afirmou que faz parte dos 30%, e acusou a Folha de S.Paulo de ser machista com a reportagem. "Ô Folha, se aqui [está] em 70%, eu tô nos 30%, falou, taokey? Tem nada de machismo aqui, não."
"Aí é natural, não sei se tá certo, tá errado, idade vai chegando, as pessoas vão realmente tendo alguma deficiência em algum lugar. Agora, vocês que tão sendo machistas dizendo que 70% dos homens são brocha, vocês que tão dizendo, ou quem não votar em mim é porque é brocha. Vocês tão levando pra esse lado, imprensa porca como sempre", disse.
A reportagem leva foto de Bolsonaro com a primeira-dama, uma vez que o presidente havia feito o coro com o termo, como se não ter um problema de disfunção erétil fosse uma "vantagem" eleitoral e de personalidade.
O texto não fala que quem não votar no presidente tem problemas de ereção. O texto mostra que, na idade do presidente, aos 67 anos, estudos apontam que o índice de indivíduos do gênero masculino com disfunção erétil é próximo a 70%.
O presidente transformou as comemorações do 7 de Setembro em comícios de campanha em Brasília e no Rio de Janeiro, repetindo ameaças golpistas diante de milhares de apoiadores, mas em tom mais ameno do que no mesmo feriado do ano passado.
Em cima de carros de som, ele pediu voto, reforçou discurso conservador e deu destaque à primeira-dama Michelle Bolsonaro, com declarações de tom machista.
O mandatário deixou de lado o Bicentenário da Independência nos palanques montados nas duas cidades e, tanto no Rio como em Brasília, adotou discurso parecido.
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