BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), determinou que a Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo apure o episódio em que o deputado estadual Douglas Garcia (Republicano) hostilizou a jornalista Vera Magalhães após o debate de candidatos ao Governo de São Paulo realizado pela TV Cultura, Folha e UOL.
Em um despacho assinado nesta quarta-feira (14), Moraes destacou a gravidade do incidente e enviou à vice-procuradoria-geral eleitoral um registro do episódio feito pela imprensa.
"Considerada a gravidade do ocorrido, determino o encaminhamento do referido link da matéria ao Excelentíssimo Senhor Vice-Procurador-Geral Eleitoral para que possa dar o devido encaminhamento ao Procurador Regional Eleitoral de São Paulo, com o objetivo de ser analisada eventuais providências que entender necessárias", escreveu Moraes.
Na noite de terça (13), Douglas Garcia foi contido por seguranças ao fim do debate após partir para cima de Vera Magalhães com agressões verbais.
Candidato a deputado federal nestas eleições, Douglas fez parte da comitiva do ex-ministro e candidato ao governo paulista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ele se sentou ao lado da jornalista e, gravando com um celular, perguntou se ela recebeu dinheiro para falar mal do governo Jair Bolsonaro (PL). Repetindo um ataque feito pelo presidente durante debate entre candidatos ao Planalto no mês passado, disse que ela é "uma vergonha para o jornalismo".
No momento da confusão, Leão Serva, apresentador do debate, intercedeu a favor de Vera. O jornalista pegou o celular do deputado e arremessou o aparelho.
Douglas, aos berros, questionou: "Por que você fez isso?". O deputado se retirou gritando "jornazistas".
O ocorrido levou aliados de Tarcísio e de Bolsonaro a atuarem para conter danos devido ao temor de efeitos eleitorais adversos.
O episódio de hostilidade do bolsonarista ocorreu num momento de ofensiva da campanha do presidente da República para reduzir a rejeição entre mulheres e em meio à tentativa do ex-ministro de se descolar da imagem de agressividade associada ao seu padrinho político.
Diante da preocupação de impacto eleitoral, aliados de Tarcísio e de Bolsonaro se mobilizaram para tentar desvincular Douglas do candidato ao governo paulista e, contrariando alas radicais bolsonaristas, buscaram condenar a conduta do deputado.
"Eu telefonei [para Vera Magalhães] e pedi desculpas por esse cara [Douglas] estar lá com uma credencial cedida pela minha campanha. Eu mal conheço, nem tenho contato com esse idiota", afirmou Tarcísio à colunista Mônica Bergamo, da Folha.
O Ministério Público de São Paulo instaurou, nesta quarta (14), procedimento criminal contra o deputado estadual Douglas Garcia devido ao ataque realizado por ele contra a jornalista Vera Magalhães. A decisão de instaurar o procedimento foi do procurador-geral de Justiça Mario Sarubbo.
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