SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em vídeo divulgado nesta quinta-feira (22), o pastor Silas Malafaia disse que Jair Bolsonaro (PL) "não é candidato a Deus" e reafirmou que não concorda com a defesa que o presidente faz das armas.

A mensagem do aliado evangélico do candidato à reeleição é uma resposta à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que pagou para impulsionar uma montagem contrapondo uma gravação antiga de Malafaia --contra o armamento-- com declarações entusiasmadas de Bolsonaro sobre o tema.

"Essa petralhada não tem vergonha na cara", diz ele, que também define petistas como "um bando de otários". "Rapaz, vocês são muito medíocres. Continuo contra armas. Anote: eu apoio Bolsonaro. Ele não é candidato a Deus. Não concordo com tudo, sou um ser inteligente, que penso. Até para discordar."

Mafalaia afirma que a campanha de Lula deveria destacar que a taxa de homicídios caiu no país durante o governo Bolsonaro. Especialistas apontam algumas hipóteses para a queda, como a diminuição do conflito entre PCC (Primeiro Comando da Capital), de São Paulo, e CV (Comando Vermelho), do Rio.

Ele diz ainda que resgatar a discordância com Bolsonaro sobre o armamento "não influencia o voto evangélico" e termina afirmando que "o povo vai dizer não a esses corruptos no dia 2 de outubro".

A Folha de S.Paulo mostrou que a campanha de Lula pagou para impulsionar um anúncio no YouTube com uma montagem intercalando cenas de Malafaia e Bolsonaro. A cada frase crítica do pastor ao que chama de "lobby da indústria das armas", entra uma fala do presidente sobre sua preferência por um país armado.

A montagem faz um jogo de oposição entre declarações do religioso e do capitão reformado. "Armar o cidadão, isso aí é uma loucura", diz o pastor. Corta para Bolsonaro: "Não tenho medo do povo armado".

O vídeo de Malafaia foi publicado em 2015. Ele disse à Folha de S.Paulo que não mudou de ideia e que segue contrário à ideia que agrada a Bolsonaro. "Sou aliado, não alienado", disse para defender o endosso à candidatura do atual chefe do Executivo sem "dizer amém" a tudo o que ele afirma. "Não sou bolsominion."

O líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo sugeriu sete anos atrás que deputados evangélicos votassem contra a revisão do Estatuto do Desarmamento, que vigora desde 2003 e foi formulado para reduzir a circulação de armas. Conta que votou contra o armamentismo no referendo de 2005 que questionou se as armas de fogo deveriam ter a venda proibida no país. Foi, nas palavras dele, "voto vencido": 64% votaram "não" contra o estatuto, ou seja, a favor de um Brasil mais municiado.

Ele diz, agora, que "o povo é soberano" e já escolheu o que prefere. Caberia respeitar a vontade popular.


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