VITÓRIA, ES (FOLHAPRESS) - A eleição para o Governo do Espírito Santo é marcada pela tentativa de reeleição do governador Renato Casagrande (PSB) numa disputa contra seis candidatos, que envolve ex-prefeitos e ex-deputado.
Casagrande, que apoia o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), enfrenta o ex-deputado federal bolsonarista Carlos Manato (PL), o ex-prefeito de Serra Audifax Barcelos (Rede), o empresário Aridelmo Teixeira (Novo), o Capitão Sousa (PSTU), o coach Cláudio Paiva (PRTB) e o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD).
Casagrande, que tem em sua chapa outros dez partidos (MDB, PP, PROS, Podemos, PT, PC do B, PV, PSDB, Cidadania e PDT), disputa pela quinta vez o cargo. Eleito em 2010, foi novamente eleito em 2018.
Em 2014 perdeu a reeleição para Paulo Hartung e, em 2018, se elegeu com vantagem em cima de Manato, que novamente está na corrida para o Palácio Anchieta.
"Estou preparado para trabalhar por dois turnos, estou preparado para enfrentar a eleição. Mas o que importa nesse momento é ter a capacidade de debater o que nós já fizemos, estamos fazendo e ainda vamos fazer pela sociedade capixaba", disse o governador à reportagem.
Bolsonarista declarado, Manato percorreu a capital, Vitória, junto do presidente Jair Bolsonaro (PL) em julho, na Marcha para Jesus, é médico e foi deputado federal quatro mandatos seguidos. Tem como vice o empresário Bruno Lourenço (PTB).
"O PT saqueou o Brasil. É o partido da mentira, das narrativas falaciosas e da corrupção. Nós precisamos continuar com Bolsonaro para o Brasil seguir crescendo economicamente, para que os projetos sociais continuem existindo não como forma de deixar o cidadão dependente dos auxílios, e sim para incentivá-lo a ter a própria vara de pescar", afirmou.
Concorrendo pela primeira vez ao comando do estado, Audifax Barcelos foi prefeito por três mandatos do maior colégio eleitoral capixaba, a cidade da Serra. Agregou em sua chapa a tenente Andresa (Solidariedade), do Corpo de Bombeiros.
Usa a segurança pública como principal bandeira. "Estive à frente da maior cidade do Espírito Santo, como prefeito, por 12 anos. Quando entrei, a cidade era a mais violenta do Brasil. Quando saí, não estava nem entre as 100 mais violentas. Reduzimos os homicídios em 70%, mesmo a segurança não sendo uma atribuição direta do gestor municipal. Mas um gestor tem que resolver os problemas e foi o que fiz", afirmou.
Guerino Zanon, que renunciou ao quinto mandato como prefeito de Linhares, já foi deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa. Seu vice é o empresário Marcus Magalhães (PSD). Seguindo um posicionamento à direita, diz que vai repetir seu voto em Bolsonaro.
"Acredito que ele tem o melhor projeto para o país. Eu não voto no Lula e já declarei isso. E não escondo minhas posições, como alguns candidatos estão fazendo. E também respeito quem pensa diferente de mim", afirmou.
Claudio Paiva é administrador e psicanalista clínico e concorre pelo PRTB. Disputou a eleição à Prefeitura de Guarapari em 2020.
Pelo partido Novo, Aridelmo Teixeira é empresário, dono de uma faculdade particular e ex-secretário da Fazenda da Prefeitura de Vitória.
Conhecido como Capitão Sousa, Vinícius Sousa é capitão da Polícia Militar e membro do Movimento Policiais Antifascismo. Ativo em eventos contra o presidente Bolsonaro, mesmo em dias de folga e à paisana, tornou-se alvo de procedimento disciplinar.
Disputou a eleição suplementar para prefeito, em 2019, na cidade de Castelo. Em 2020, foi vice na chapa do PT pela disputa da Prefeitura de Cachoeiro de Itapemirim. Neste ano, filiou-se ao PSTU.
O Espírito Santo mantém há quase 20 anos uma alternância entre Hartung e Casagrande. Os adversários nestas eleições apostam na renovação do executivo estadual.
Guerino enxerga a atual gestão como um governo fraco e com equipe ruim. "O que temos é uma administração que não conseguiu deixar nenhuma marca. O que mais ouvimos na rua é de que está na hora de mudar, de trocar, que o projeto atual precisa ser encerrado."
Confiante na vitória, Manato contou que sente nas ruas a possibilidade de disputar um segundo turno contra Casagrande.
"O capixaba não aguenta mais a dobradinha Hartung-Casagrande se revezando no poder. Um revezamento autoritário e antidemocrático. Eles são mais do mesmo e já tiveram tempo suficiente para transformar o estado", disse.
Para o candidato Aridelmo Teixeira, a população quer mudança de gestão. "O projeto político atual é na verdade uma tentativa de perpetuação de poder, ele começou há 28 anos atrás como vice do PT."
Audifax Barcelos também não poupa críticas à gestão atual. "Acredito que o atual governador não é gestor e está tentando enganar o cidadão, prometendo fazer tudo o que não fez. Quem não fez em oito anos, não vai fazer em nove ou dez", disse.
De acordo com o cientista político Rafael Primo, o Espírito Santo é conservador, e não tende a acatar uma candidatura aventureira, apostando em forças conhecidas, testadas ainda que tenham alguns defeitos.
"Esse conservadorismo é normal e os políticos conhecidos despontam, enquanto os desconhecidos ficam restritos em suas bolhas."
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