SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Partido do ex-procurador Deltan Dallagnol (PR), o Podemos decidiu nesta quinta-feira (6) liberar seus diretórios e filiados para apoiarem a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno.
Após desistir de lançar o ex-ministro Carlos Alberto dos Santos Cruz como candidato ao Palácio do Planalto, a sigla, que também já abrigou o ex-juiz Sergio Moro (União Brasil), apoiou a senadora Simone Tebet (MDB), nome da chamada "terceira via", apoiado por PSDB e Cidadania.
"O Podemos foi fundado como partido-movimento com o objetivo de oferecer aos brasileiros um projeto de país que afaste definitivamente a discussão política dos extremos e represente o equilíbrio necessário e saudável à democracia. Nestas eleições presidenciais, esse projeto foi liderado pela candidatura de Tebet, que não recebeu a adesão necessária da população para que chegasse ao segundo turno", diz o Podemos em nota.
No primeiro turno, Lula recebeu 57,2 milhões de votos (48,4%), e Bolsonaro, 51,07 milhões de votos (43,2%). Tebet terminou a votação em terceiro lugar, com quase 5 milhões de votos."Após o primeiro turno das eleições, o Podemos iniciou um debate interno para posicionamento nacional. Em respeito às realidades regionais, no segundo turno o partido definiu pela liberação de seus dirigentes, prefeitos, parlamentares e filiados para o apoio às candidaturas estaduais e para a Presidência da República", afirmou a sigla em nota.
No comunicado, a sigla disse defender a soberania do voto popular e nas liberdades individuais, pautado nos valores da transparência, da participação e da democracia. Desta forma, seguiremos apoiando as pautas de interesse do Brasil sempre em defesa do Estado Democrático de Direito.O gesto ocorre depois de MDB, PSD e MDB liberarem filiados e diretórios para apoiarem Lula ou Bolsonaro no segundo turno.
Na contramão, Cidadania e PDT manifestaram apoio a Lula.
"Bolsonaro, na nossa opinião, representa o atraso do atraso do atraso desse país, um aspirante a ditador, malversador do dinheiro público, um homem da falsa fé cristã. Nosso trabalho para derrotar Bolsonaro tem que ser a prioridade absoluta. Derrotar Bolsonaro é uma causa nacional, uma causa da pátria, uma causa dos democratas", disse nesta quinta o presidente do PDT, Carlos Lupi.
O presidente do Cidadania, Roberto Freire, disse que a defesa da eleição de Lula é motivo por riscos contra a democracia, segundo ele, apresentados pelo governo Bolsonaro.
"Bolsonaro nesses quatro anos demonstrou sua total falta de respeito às instituições democráticas. Portanto, contra toda esse esse atropelo, contra todo o risco de retrocessos na questão democrática, nós vamos votar 13", afirmou Freire.
Inicialmente, Renata Abreu, presidente do Podemos, defendeu que a sigla tivesse candidatura própria nas eleições presidenciais deste ano. Além disso, a dirigente descartou a possibilidade de declarar apoio a Bolsonaro, mesmo em eventual segundo turno contra Lula.
Em outra frente, Dallagnol declarou apoio à candidatura de reeleição do atual chefe do Executivo.
"Agora vou fazer oposição à candidatura do Lula ou ao seu governo por sete razões: mensalão, petrolão, aumento da violência, saque às estatais, defesa da censura, apoio a ditaduras e a maior crise econômica da história. No segundo turno meu voto vai ser em Bolsonaro, contra Lula e o PT. Nós precisamos unir o centro e a direita no Congresso em torno do combate à corrupção", afirmou o ex-procurador.
Ex-integrante do Podemos que havia deixado o governo Bolsonaro após relatar supostas tentativas de interferência na PF (Polícia Federal), Moro também afirmou que apoia Bolsonaro no segundo turno."Lula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro", anunciou Moro por meio de suas redes sociais.
A Transparência Internacional expressou repúdio às declarações de Moro e Dallagnol. "Cada qual é livre para expressar sua preferência entre as opções do 2º turno das eleições ou optar pelo voto nulo. Fomentar a intolerância a qualquer escolha é incompatível com a defesa da democracia. Mas associar a luta contra a corrupção ao apoio ao candidato Jair Bolsonaro é prestar imenso desserviço à causa e desvirtuar o que ela fundamentalmente representa", diz a entidade.
"Desde 2019, a Transparência Internacional vem documentando e denunciando inúmeros episódios de corrupção no governo Bolsonaro e as vastas evidências de crimes cometidos pelo próprio Presidente da República e seus familiares. Ainda mais grave, denunciamos ao mundo, em diversos relatórios, o desmanche, sem precedentes, dos arcabouços legais e institucionais anticorrupção que o país levou décadas para construir."
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