BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A primeira pesquisa Datafolha do segundo turno das eleições, divulgada nesta sexta (7), foi lida dentro da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como reflexo do resultado das urnas, com um congelamento do cenário apurado no domingo (2). Mas aliados apostam na liderança do petista e na manutenção de apoios para vencer no segundo turno.
Do outro lado, aliados do presidente Jair Bolsonaro (PL) seguiram na estratégia de questionar o levantamento e atacar os institutos de pesquisa.
Lula aparece com 49% da intenção de votos no Datafolha, contra 44% que dizem votar em Bolsonaro. Os indecisos são 2% e brancos e nulos somam, 6%. A pesquisa é um retrato do momento e não necessariamente reflete a votação que os candidatos terão.
Em relação aos votos válidos, métrica aplicada pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Lula tem 53% e Bolsonaro 47%. No primeiro turno, o ex-presidente somou 48,4% dos votos válidos e o atual, 43,2%.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), disse que a sondagem reflete "o resultado das urnas".
Reservadamente, integrantes da campanha de Lula admitem que o cenário é de uma margem apertada e que não se pode subestimar a capacidade de Bolsonaro de virar o quadro.
A avaliação é que os apoios que o petista recebeu nesta semana ainda não foram sentidos pela população e não se reverteram em votos.
Lula recebeu o apoio da ex-presidenciável Simone Tebet (MDB), que recebeu 4,16% votos e ficou em terceiro lugar no domingo. O petista só protagonizou um evento e tirou foto com a senadora nesta sexta.
O ex-presidenciável Ciro Gomes (PDT), que acabou a corrida com 3,05%, deu por sua vez um endosso tímido a Lula. Ele afirmou acompanhar a posição do seu partido, mas nem sequer citou o nome do candidato.
Lula ainda teve o respaldo de economistas que ajudaram a criar o Plano Real a já foram críticos do PT.
Ainda nesta sexta, ele se encontrou e tirou foto com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), que também o apoia.
A avaliação no comitê petista é que a disputa será campal e que é preciso que o ex-presidente aumente sua margem de votos sobretudo no Sudeste.
Os aliados avaliam ainda que é preciso manter o otimismo, já que Lula está na frente nas pesquisas. O objetivo é atuar com a militância para romper o clima de "virada" do adversário e evitar abstenções.
"A eleição foi 48% a 43%, se fosse este o resultado teríamos vencido as eleições com 6 milhões de maioria! O Datafolha [mostra] 49% a 44% [das intenções de voto] e dos válidos, 53% a 47% --mantém cerca de 7 milhões de maioria para Lula na diferença menor", diz o ex-governador Wellington Dias (PI), um dos coordenadores da campanha petista.
"Outra coisa boa, o número de eleitor que diz que não muda mais já garante maioria firme para Lula! E o mais importante é que na pesquisa Datafolha há cerceamento para Lula em todas as regiões do país, incluindo o Nordeste onde colhemos a maior maioria da história."
Já a campanha de Bolsonaro e a maior parte de seus aliados silenciaram sobre o resultado da pesquisa Datafolha.
O silêncio acontece em meio à ofensiva do governo e da bancada governista contra os institutos de pesquisa, que envolvem investigação da Polícia Federal e a pressão para instalar uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Senado.
Nesta sexta, o próprio Bolsonaro disse que os institutos estão "totalmente sem responsabilidade" e que fizeram um "redirecionamento de votos" no primeiro turno das eleições.
"As pesquisas que eles fizeram foi algum redirecionamento do voto de muitas pessoas. É totalmente sem responsabilidade. E pesquisa não é de hoje, em 2018 eles erraram tudo também. Falaram que [eu] não ia ao segundo turno, e se fosse, perderia para todo mundo", afirmou o presidente, em almoço com jornalistas.
Depois, Bolsonaro foi questionado sobre a proposta que busca responsabilizar os institutos cujos levantamentos não baterem com o resultado dos pleitos. Disse não saber qual a punição prevista na proposta, mas acrescentou que precisa haver "responsabilidade".
Durante o primeiro turno, a campanha de Bolsonaro buscou tirar a credibilidade dos institutos de pesquisa, acrescentando que preferia se basear no "Datapovo"--sua percepção a partir de grandes movimentos de rua pró-Bolsonaro no país.
No último dia 4, o ministro Anderson Torres (Justiça) disse ter encaminhado à PF um pedido para abrir inquérito para investigar os institutos de pesquisa. Em paralelo, a base do governo no Senado passou a colher assinaturas para abrir uma CPI para investigar institutos de pesquisa.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), deve ler o requerimento, mas não instalar a comissão. Há outras três CPIs já com requerimentos lidos, mas na fila para iniciarem os trabalhos após o segundo turno das eleições. Ao final da atual legislatura, os requerimentos perdem validade.
Um dos poucos aliados a comentarem o resultado do Datafolha, o deputado Marcos Feliciano (PL-SP) disse acreditar em uma mudança de cenário no segundo turno das eleições.
"A tendência é haver mudança nas intenções de votos dos eleitores. A grande mobilização de governadores e seus respectivos prefeitos está criando uma avalanche de apoio. Some-se a isso a espiritualização da campanha do presidente Bolsonaro, tornando inevitável uma vitória, dia 30, do conservadorismo", afirma.
Entre os principais apoios recebidos por Bolsonaro estão os dos governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), e de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB). Zema e Castro foram reeleitos ainda no primeiro turno, enquanto Garcia ficou em terceiro lugar na disputa pelo governo de São Paulo e não passou para o segundo turno.
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