BELO HORIZONTE, MG, E BRASÍLIA, MG (FOLHAPRESS) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) participou nesta quarta-feira (12), em Belo Horizonte (MG), da inauguração de um templo da igreja evangélica Mundial do Poder de Deus, do apóstolo Valdemiro Santiago.

Ao lado do governador reeleito Romeu Zema (Novo), o mandatário acompanhou uma sessão de cura de fieis e ouviu o apóstolo Valdemiro pedir jejum de 12 horas até o dia da eleição pela "nação, pelo presidente e pela primeira-dama". O apóstolo e sua equipe também repetiram em alguns momentos das suas falas os mantras que Bolsonaro vem repetindo ao longo de sua campanha, como as críticas à esquerda e o desempenho econômico do atual governo.

Minas Gerais é apontado como estado-chave pela campanha de Bolsonaro para que ele vença no segundo turno. É segundo maior colégio eleitoral do país e o presidente foi derrotado no primeiro turno no estado pelo seu rival Luiz Inácio Lula da Silva --48,3% contra 43,6%.

Bolsonaro discursou em um carro de som montado do lado de fora do templo. Para um público evangélico, repetiu o discurso de que o Brasil teve sucesso no enfrentamento da pandemia e defendeu a pauta conservadora.

O presidente exaltou que o Brasil é um país majoritariamente cristão, mas que respeita todas as religiões.

"Um país abençoado que vive em liberdade. E nós, além das questões materiais, temos as questões espirituais. Aqui nós somos 90% de cristãos, mas respeitamos todas as religiões bem como aqueles que não tem religião nenhuma. Porque nós respeitamos a liberdade do nosso povo", afirmou o chefe do Executivo.

O mandatário não realizou dessa vez ataques ao Supremo e ao seu rival na disputa. A única menção a Lula se deu quando mencionou que o petista é a favor da legalização das drogas --o plano de governo de Lula, no entanto, não prevê essa medida.

"Certas posições não admitimos, [como] aquelas que querem desgastar os valores familiares. Para nós, a família é presente de deus e devemos preservá-la. Não discutimos a questão de ideologia de gênero. Vocês sabem que o maior patrimônio de todos nós não são nossos bens materiais, são os nossos filhos. Não queremos uma filha nossa indo no banheiro na escola onde um moleque homem também frequenta", disse o presidente, repetindo fala presente em todos os seus comícios.

"A questão do aborto é outra coisa. Somos pela vida desde a sua concepção. E nós também jamais poderemos admitir como o outro lado quer legalizar as drogas no nosso país. Só quem fala isso não sabe o sofrimento de uma mãe com o filho no mundo das drogas", completou.

Bolsonaro aposta em seu crescimento em Minas Gerais para conseguir vencer o segundo turno das eleições. Por isso esse deverá ser o estado mais visitado até a votação, no dia 30.

Neste sábado (12), o mandatário encontrou um ambiente amigável, onde os religiosos repetiram falas que ele vem empregando em sua campanha. A inauguração do templo foi anunciada pela igreja nas redes sociais, mas os comunicados não falavam da presença de Bolsonaro ou de Zema.

Houve quem reclamasse da presença do candidato. "Se eu soubesse que era para alguém fazer campanha não teria vindo", comentou uma frequentadora da igreja que não conseguiu entrar no templo.

"Eu peço a deus que ilumine cada um de vocês no próximo dia 30 de outubro para bem decidir quem vai comandar o nosso Brasil. Se estamos dando certo até o momento, eu peço humildemente a vocês essa oportunidade de, ao lado do governador Zema, governarmos Minas Gerais e o nosso Brasil", afirmou ao término de sua fala.

Antes de discursar, o presidente acompanhou uma sessão de cura de fieis. Após uma oração em silêncio, o apóstolo Valdemiro questionou quem sofria de algum mal e estava curado. Então surgiram vários relatos de gargantas inflamadas curadas, joelhos que deixaram de ficar doloridos e até de um paralítico que saiu caminhando.

Bolsonaro depois visitou a parte interior do templo, ao lado de Zema e Valdemiro. O pastor então pediu um jejum de 12 horas por dia e que os fieis fizessem orações às 3h pela nação e pelo presidente, até o dia 30 de outubro, data do segundo turno.

Um integrante da igreja também leu pelo celular um relato de venezuelano que falava dos problemas sociais em Caracas, que teriam sido causados pelo "comunismo". A mensagem é exatamente na linha do que Bolsonaro repete em suas falas de que a ascensão de governos da esquerda, citando especificamente o de Nicolás Maduro, resulta em graves problemas econômicos e sociais.

Valdemiro também citou que o Brasil registra atualmente queda na inflação, informação sempre presente nas falas de Bolsonaro.

O presidente segue na parte da tarde para o Santuário Nacional de Aparecida (SP), para participar dos atos religiosos no feriado de Nossa Senhora Aparecida.


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