SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS) - Os dois candidatos a deputado federal mais bem votados do país, Nikolas Ferreira (PL-MG) e Guilherme Boulos (PSOL-SP), participaram de um debate nesta quarta-feira (12) na CNN Brasil e divergiram ao avaliarem a gestão de Jair Bolsonaro (PL).
O bolsonarista Nikolas Ferreira afirmou que o Brasil tem avançado e exemplificou dizendo que o país é único em deflação no mundo. "Com o Congresso mais à direita e mais conservador, vamos continuar com as reformas do nosso país", afirmou.
Já Guilherme Boulos disse que o Brasil vive nesse momento uma encruzilhada. Segundo ele, esta é a eleição mais importante desde a redemocratização. "O que está em jogo é a preservação das conquistas democráticas", afirmou.
Os dois bateram boca em vários pontos do debate.
"Coloco em xeque o movimento do Guilherme Boulos, foi criado em 1997 e até hoje não tem teto. Realmente, fico impressionado com propostas mirabolantes do PT e da esquerda, para trazer picanha, cerveja, mas, na verdade, tudo que acontece é um sem teto com jatinho", disse Nikolas.
O mineiro faz menção a uma afirmação falsa que circula nas redes sociais, que Boulos seria dono de um jato particular. A foto usada para defender a tese mostra o ativista entrando em uma nave em 2020. Na época, Walfrido Warde, presidente do IREE (Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa) publicou nas redes sociais que alugou a aeronave e convidou Boulos para irem juntos a uma reunião fora de São Paulo.
Nikolas disse ainda que Boulos "deve estar em abstinência" por ficar quatro anos "sem invadir uma terrinha".
Boulos replicou que apoiaria uma invasão da cabeça de Nikolas. "Se tem alguma invasão que precisa ser feita nesse país é a invasão dessa sua cabecinha oca. Inclusive estaria respaldada na Constituição, por ser um cérebro sem muita função social", respondeu. "O bolsonarismo é só isso, xingamento, ataque, baixaria, levar debate para moralismo rasteiro e hipócrita que não tem um projeto de país".
A apresentadora do debate, a jornalista Luciana Barreto, chegou a pedir que os dois baixassem o tom. "Peço que a gente não tenha mais ataque pessoal, senão a gente não vai terminar esse debate nunca. A intenção é que tenhamos sempre uma conversa propositiva", disse.
A partir de 2023, Bolsonaro terá maioria favorável na nova composição do Congresso Nacional. Caso o atual mandatário seja reeleito, Nikolas avalia que o relacionamento do Executivo com o Legislativo será "verdadeiro e transparente". "Assim como o presidente já tem feito com os aliados na Câmara", afirmou.
Para Boulos, a relação que Bolsonaro estabeleceu com o centrão a partir da emenda de relator é "uma excrescência".
Na hipótese de Lula vencer as eleições, o deputado do PSOL avalia que a relação entre Executivo e Legislativo nos próximos quatro anos dependerá do diálogo que o petista fará com os partidos de centro.
"Metade dos deputados eleitos pelo PL não são bolsonaristas, que acreditam em terra plana, que não acreditam em vacina, esse tipo de coisa. São deputados do centrão, que sempre estiveram aí [no Congresso]", afirmou.
Sobre o papel de um parlamentar de oposição em um sistema democrático, o deputado bolsonarista afirmou que este legislador tem duas funções: impedir que leis ruins prossigam e fiscalizar o Executivo. Posturas, segundo ele, que já tinha na Câmara de Belo Horizonte quando foi vereador, e que pretende manter em Brasília.
"Não quero contar com a possibilidade desse ladrão de nove dedos voltar ao poder, mas, caso volte, pode ter certeza que a face da esquerda acabou no Brasil. Não acho que exista espaço para terroristas na nossa democracia", afirmou.
Para Boulos, um parlamentar de oposição precisa respeitar as regras da democracia. Entre elas, não questionar o sistema eleitoral pelo qual foi eleito, saber lidar com a diversidade e a diferença e ter a capacidade de fazer diálogo.
Os dois deputados eleitos foram os mais bem votados nesta eleição ?Boulos com mais de 1 milhão de votos e Nikolas com 1,49 milhão.
Na avaliação de Boulos, o resultado das urnas deu o recado de que os brasileiros querem renovação. Já Nikolas avalia que o resultado está relacionado ao posicionamento do atual governo durante a pandemia. "Não falamos fique em casa e a economia a gente vê depois", disse.
Em relação às propostas dos presidenciáveis para a economia, Boulos disse que as apresentadas por Lula são essenciais para reconstruir o Brasil. Entre as medidas listadas por ele estão a retomada do investimento público, a revisão da reforma trabalhista e recuperar o aumento do salário mínimo.
Já Nikolas afirma que, entre as propostas de Bolsonaro, é urgente fazer uma reforma tributária e manter a liberdade de mercado.
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