SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), deve incluir em sua resposta à alegação da campanha de Jair Bolsonaro (PL) sobre suposta supressão de inserções eleitorais do presidente em rádios do Nordeste um estudo que indica falhas na análise da Audiency, empresa contratada pelo presidente.
O estudo detectou nove inserções omitidas pela análise da Audiency, usando como amostragem as inserções de apenas um dia na Rádio Bispa. O pesquisador Miguel Freitas, do departamento de Telecomunicações da PUC-Rio, usou um software de detecção que apontou que, em 24h, as inserções não contabilizadas pela Audiency aumentariam a medição em 69%.
Freitas enviou o estudo para o email da presidência do TSE e acredita que o relatório da Audiency é provavelmente gerado a partir de software automático de comparação e detecção de trechos de áudio e ele acha que a base de áudios usada pela empresa está incompleta.
"Diante de discrepâncias tão gritantes, esses dados jamais poderiam ser chamados de 'prova' ou 'auditoria'", diz Freitas.
Após receber a alegação na segunda-feira (24), Moraes deu prazo de 24 horas para que a campanha de Bolsonaro apresentasse provas sobre a supressão de inserções, ou seria enquadrada em crime eleitoral. A campanha enviou o relatório elaborado pela empresa Audiency.
O levantamento, da forma como foi apresentado, não comprova a alegação de prejuízo ao presidente nas inserções da propaganda eleitoral. A fragilidade se deve principalmente à forma de análise da programação.
A empresa que fez o monitoramento para a campanha de Bolsonaro afirma realizar o acompanhamento das transmissões divulgadas pelas emissoras por streaming. O problema é que, nessa modalidade, a veiculação da propaganda política não é obrigatória.
Da mesma forma que acontece, por exemplo, com a Voz do Brasil, as empresas de rádio podem veicular outros conteúdos pela internet durante o horário eleitoral, afirmam especialistas.
Na manhã desta quarta-feira (26), Bolsonaro usou o tema para insinuar que poderá não aceitar o resultado da eleição no próximo domingo.
"O que foi feito, comprovado por nós, pela nossa equipe técnica, é interferência, é manipulação de resultados. Eleições têm que ser respeitadas, mas, lamentavelmente, PT e TSE têm muito o que explicar nesse caso", declarou.
Bolsonaro, que aparece atrás do ex-presidente Lula (PT) nas pesquisas eleitorais, responsabilizou diretamente o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), já alvo do presidente em suas mentiras e afirmações sem provas e indícios acerca das urnas eletrônicas e de todo o sistema de votação.
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