SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou o tratamento que a Polícia Federal teve com o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) e disse que "quando é para pegar pobre, a polícia já chega atirando".

O ex-deputado, aliado do presidente Jair Bolsonaro (PL), foi preso no domingo (23) pela Polícia Federal depois de tentar resistir a ordem judicial, disparar mais de 50 tiros de fuzil, segundo ele, e lançar três granadas contra os agentes. Dois deles ficaram feridos, sem gravidade.

"A polícia quando é para pegar pobre já chega atirando. Quando pega um deputado como o Roberto Jefferson, a polícia é recebida a tiro, não atira e ainda o delegado fala 'olha, estou aqui o que o senhor quer que eu faça, estou aqui para lhe tratar bem'", afirmou Lula.

"Se fosse um pobre negro, teria atirado 50 tiros antes para depois falar 'a gente pensou que ele estava armado'. E, de vez em quando, coloca arma na mão para falar 'foi ele que atirou na gente'. Nós queremos mudar isso. Não sei se em quatro anos a gente consegue mudar, mas uma longa caminhada começa com o primeiro passo", continuou o ex-presidente.

O petista participou de live com o humorista Paulo Vieira. Ele respondeu perguntas do humorista e dos apresentadores Serginho Groisman, Fátima Bernardes e Xuxa Meneghel.

Na terça-feira (26), em outra live realizada por sua campanha, o petista já havia criticado a atuação da Polícia Federal no caso. Nela, o ex-presidente afirmou que a PF foi "condescendente" e "não agiu corretamente" com o ex-deputado na sua prisão.

"O que aconteceu com seu Roberto Jefferson, ele deveria ter sido preso. A Polícia Federal, inclusive na minha opinião, não agiu corretamente. Ela foi condescendente com ele. E ainda quando ele saiu o policial foi oferecer: 'não, o senhor pode pedir o que quiser, que a gente vai atender'", disse Lula.

Nesta quarta, ao ser questionado se a senadora Simone Tebet (MDB) irá desempenhar algum papel em uma eventual gestão do petista, Lula disse que ela é uma "mulher de muita qualidade" e "pode exercer qualquer ministério" --mas que ele quer primeiro ganhar as eleições para depois pensar na sua equipe.

"Não conversei com ninguém ainda, tenho muita gente na cabeça, mas não quero sentar na cadeira [da Presidência] antes de ganhar as eleições. Primeiro tem que ganhar para depois montar equipe. Se montar agora eu arranjo mais inimigo do que amigo", disse.

O petista afirmou ainda que terá "muitas mulheres" em seu eventual governo.


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