BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) pagou neste segundo turno R$ 120 mil para uma aliada do governador Romeu Zema (Novo) coordenar as agendas do candidato em Minas Gerais.

Mariana de Oliveira Pimentel, que até julho exercia o cargo de secretária-executiva na Secretaria Geral do governo de Minas, recebeu o valor em 11 de outubro para fazer "planejamento estratégico e a produção das agendas no estado". Coube a ela arregimentar aliados, escolher os locais dos eventos e montar a estrutura.

Minas Gerais foi alçado à condição de prioridade absoluta da campanha de Bolsonaro no segundo turno. A reportagem não identificou nenhum outro estado com uma coordenação exclusiva para as agendas do presidente.

Além dos R$ 120 mil de Bolsonaro, Mariana recebeu R$ 200 mil da campanha de Zema, pelo trabalho exercido no primeiro turno.

Ela é ligada ao governador mineiro desde 2018, quando trabalhou para a campanha do então candidato. Na época, recebeu R$ 9.500 da campanha de Zema e R$ 5.781,48 do diretório do Novo em Minas, um décimo do que ganhou agora só de Bolsonaro. Segundo ela, nas últimas eleições ela era uma espécie de estagiária, por isso valores tão inferiores.

"Eu estava aprendendo ainda, era estagiária, digamos. Em quatro anos, cresci muito profissionalmente e agora o meu valor é correspondente a tudo que eu entrego", justifica.

Mariana foi nomeada em janeiro de 2019 para o governo Zema, recebendo salário de R$ 6.160, de acordo com os dados da Transparência de Minas. Em julho, o seu último pagamento foi R$ 10.105,10.

Nas redes sociais, é possível ver a proximidade de Zema com Mariana. Está disponível um vídeo de dezembro do ano passado, quando o governador toma café da manhã na casa da família da ex-funcionária do governo.

Procurada, a campanha do presidente não comentou a contratação e não respondeu se outros estados contaram com o mesmo tipo de serviço. Não há registro de outra empresa com atuação semelhante na plataforma do TSE de divulgação de despesas.

Já a assessoria de Zema afirmou que não iria se manifestar, porque Mariana não está mais no governo.

Romeu Zema permaneceu neutro no primeiro turno das eleições, mas, depois de garantir sua recondução, mergulhou na reeleição de Bolsonaro e foi um dos primeiros governadores a declarar apoio ao incumbente.


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