SALVADOR, BA, SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As eleições para governos estaduais tiveram viradas do primeiro para o segundo turno em quatro estados: Rio Grande do Sul, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Sergipe. Neste domingo (30), houve 12 eleições para governadores.

Dos quatro novos governadores que se elegeram após reviravoltas, três são do PSDB, desempenho que faz o partido ganhar um novo fôlego após a amarga derrota em São Paulo, onde o governador Rodrigo Garcia (PSDB) foi derrotado ainda no primeiro turno, encerrando uma hegemonia tucana de 28 anos.

Desde o pleito de 1998, aconteceram 19 viradas entre o primeiro e o segundo turno em eleições para governo estaduais. O recorde foi em 2014, quando foram cinco viradas. Na última eleição, em 2018, aconteceram duas reviravoltas, ambas lideradas por aliados de Jair Bolsonaro (PL).

No Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB) virou sobre Onyx Lorenzoni (PL) e vai governar o estado por mais um mandato. Eleito em 2018, ele renunciou ao cargo em março para tentar disputar a Presidência, mas não conseguiu viabilizar sua candidatura, tendo falta de apoio no próprio partido.

Leite disputou a reeleição fora do cargo e por pouco não ficou fora do segundo turno: a diferença para o terceiro colocado, Edegar Pretto (PT), foi de apenas 2.441 votos. No segundo turno, o petista deu apoio crítico ao tucano e o próprio candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou uma posição de "nenhum voto a Onyx".

No primeiro turno, Onyx teve 37,50% dos votos, e Eduardo Leite, 26,81%. Leite somou agora 1,7 milhão de votos no primeiro turno, e agora teve 3,6 milhões de votos (57,12% do total).

Outra virada com vitória tucana aconteceu em Pernambuco, onde a ex-prefeita de Caruaru, Raquel Lyra (PSDB) prevaleceu sobre a deputada federal Marília Arraes (Solidariedade). Ela será a primeira mulher a ser eleita governadora do estado. Filha do ex-governador João Lyra Neto, ela terá como vice também uma mulher, Priscila Krause (Cidadania).

No primeiro turno, Lyra tinha obtido 1,09 milhão de votos (20,58%), atrás dos 1,17 milhão de Marília Arraes. Agora, a tucana teve ao menos 3,1 milhões (58,7%).

Lyra sucederá Paulo Câmara (PSB). O antecessor dele foi o pai de Raquel, que assumiu como tampão por nove meses após a saída de Eduardo Campos (1965-2014) do cargo. O êxito da candidata do PSDB nas urnas representa uma vitória de um palanque de centro-direita após 20 anos em Pernambuco.

A neutralidade de Lyra em relação ao segundo turno presidencial não foi um impeditivo para a vitória dela nas urnas. No primeiro turno, ela apoiou a candidatura de Simone Tebet (MDB), mas optou por não se posicionar no segundo turno.

Com a neutralidade, a tucana sofreu críticas da adversária Marília Arraes (Solidariedade), que tentou associar a concorrente a Bolsonaro.

Em Mato Grosso do Sul, Capitão Contar (PRTB) teve no primeiro turno 26,7% dos votos --e apenas 22.394 a mais do que Eduardo Riedel (PSDB), que somou 25,16%. O tucano virou no segundo turno, e venceu com 56,9% de preferência, somando 808.210 votos.

É a primeira vez que Riedel concorre a um cargo eletivo. Ele foi secretário de Governo e de Infraestrutura do atual governador, Reinaldo Azambuja (PSDB), que elegeu o sucessor apesar de o empresário ser considerado desconhecido para a maioria da população.

Neste segundo turno, Riedel teve como uma de suas principais cabos-eleitorais a ex-ministra da Agricultura de Bolsonaro e senadora eleita Tereza Cristina (PP). Também foi apoiado por Simone Tebet, que ficou em terceiro lugar na disputa pela Presidência.

Contar, por sua vez, cresceu na reta final e desbancou outros candidatos tidos como favoritos após receber o apoio do presidente Jair Bolsonaro (PL) durante o debate da TV Globo. Na ocasião, o presidente falou sobre o assunto após provocado pela candidata do União Brasil, a senadora Soraya Thronicke.

Em Sergipe, o empresário Fábio Mitidieri (PSD) venceu a eleição e derrotou o senador Rogério Carvalho (PT). No primeiro turno, Carvalho havia obtido 44,7% dos votos, contra 38,9% de Mitidieri, diferença de 43 mil votos. Desta vez, com 99,18% das urnas apuradas, o pessedista teve 51,7% dos votos, 40,911 a mais que o adversário.

Mitidieri declarou apoio ao ex-presidente Lula (PT), o que acirrou o embate com o adversário petista, que acionou a Justiça Eleitoral. A ação impediu o candidato do PSD de usar a imagem de Lula em materiais de campanha.

A estratégia de Mitidieri consistiu em atrair um eleitorado de conservadores e progressistas. Para isso, defendeu que "o voto não é agarrado". O governador eleito representa a aposta do PSD para a sucessão do atual governador, Belivaldo Chagas, que está em seu segundo mandato.

Governadores reeleitos Os seis governadores que disputaram a reeleição neste domingo conseguiram se reeleger, sendo três deles apoiadores do presidente eleito Lula (PT), dois do presidente Jair Bolsonaro (PL) e um neutro.

Os vencedores ligados à esquerda foram Paulo Dantas (MDB), em Alagoas, Renato Casagrande (PSB), no Espírito Santo, e João Azevedo (PSB) na Paraíba.

Os apoiadores de Bolsonaro eleitos foram Wilson Lima (União Brasil), no Amazonas, e Marcos Rocha (União Brasil) em Roraima. Eduardo Leite (PSDB), no Rio Grande do Sul, ficou neutro na eleição presidencial.

Com isso, somando os resultados do primeiro turno, as eleições de 2022 tiveram 18 governadores reeleitos. É maior taxa registrada desde 1998, quando a reeleição foi instaurada. Em 2018, apenas dez conseguiram se reeleger.


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