SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chega ao primeiro turno da eleição geral, que ocorre neste domingo (2), com chance de vencer de forma direta a disputa. Ele tem 50% dos votos válidos, ante 36% de seu principal rival, o presidente Jair Bolsonaro (PL). Simone Tebet (MDB) tem 6%, contra 5% de Ciro Gomes (PDT).
O cenário, de notável estabilidade nas últimas semanas, foi registrado pela última pesquisa do Datafolha antes do pleito. A marca do petista é o limiar para atingir metade mais um dos votos válidos, aqueles que excluem brancos e nulos (e indecisos, no caso do levantamento), o mínimo para evitar o segundo turno.
Presidente de 2003 a 2010, Lula coroa uma volta por cima rara: deixou o Planalto com mais de 80% de aprovação, viu sua sucessora Dilma Rousseff (PT) ser bem-sucedida, perder tração e gestar uma crise econômica e política que lhe custou o cargo.
Foi condenado e preso por corrupção, só para ver as sentenças anuladas por questões legais e o seu algoz, Sergio Moro, julgado parcial e fracassar ao tenatar ser presidenciável.
Agora, o petista tenta voltar ao poder enfrentando um adversário diferente do que o PT se acostumou até 2018, quando Bolsonaro saiu das franjas do baixo clero para a Presidência com um discurso antipolítico e radical de direita. Com alta rejeição, o presidente é o primeiro da era das reeleições a não chegar à frente no dia do primeiro turno, e luta para ir ao segundo.
A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou menos. O instituto entrevistou 12.800 pessoas em 310 cidades. O nível de confiança é de 95%. O levantamento tem o registro BR-00245/2022 no Tribunal Superior Eleitoral, e foi contratado pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo.
Ao longo da corrida, o pedetista viu murchar quase pela metade sua usual posição nas três campanhas presidenciais anteriores que disputou, enquanto a senadora estreou mantendo um nível constante de apoio.
Sem ambos no páreo, é possível que Lula já tivesse a certeza da vitória, considerando os padrões de migração de intenção de voto registrados pelo Datafolha. Não por acaso, principalmente no caso de Ciro por ser associado à centro-esquerda, os estrategistas do PT fizeram de tudo para estimular o voto útil no ex-presidente.
Nas últimas rodadas do Datafolha, Ciro até oscilou para baixo, mas nada que indicasse uma desidratação fatal. Se ela for ocorrer, agora será algo a ser visto apenas na undécima hora, com o eleitor na urna eletrônica. Outro fator central na contagem é a abstenção, que historicamente atinge mais o eleitorado associado ao petista.
A estabilidade também mostra o limite do impacto do debate final do primeiro turno, realizado na quinta (29) pela TV Globo. O embate foi bastante agressivo, com Lula, Bolsonaro, Ciro e outros se enfrentando em termos duros.
Na rodada anterior, feita de terça (27) a quinta, o Datafolha havia aferido 50% de intenção de votos para o petista e 36%, para o incumbente. Diziam estar certos do voto 85%, quase todos há bastante tempo.
Este é um dos fenômenos mais relevantes desta campanha eleitoral, antecipada por muitos como um embate de rejeições complementares -o que gerou a ilusão na classe política de que poderia haver espaço para o surgimento de alguma terceira via competitiva. Vários nomes tentaram se viabilizar, sobrando à relativamente desconhecida Tebet a vaga.
Abaixo dos dois estão Soraya Thronicke (União Brasil), Constituinte Eymael (DC), Padre Kelmon (PTB), Sofia Manzano (PCB), Felipe D'Ávila (Novo), Vera (PSTU) e Leo Péricles (UP).
Houve também a consolidação do perfil do eleitorado. Lula manteve sua liderança até aqui apoiado na grande vantagem que registra entre os mais pobres, calcando sua campanha na promessa de um retorno a um tempo de maior bonança econômica -particularmente seu segundo mandato (2007-10), antes da debacle que viria sob sua protegida Dilma Rousseff (PT), impedida em 2016.
PESQUISA IPEC
(FolhaPress) O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparece com 51% dos votos válidos na corrida eleitoral contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem 37%, segundo pesquisa Ipec divulgada neste sábado (1º).
Os resultados são diferentes dos apontados no levantamento anterior, publicado na segunda-feira (26), que trouxe Lula com 52% e Bolsonaro com 34%. As oscilações estão dentro da margem de erro.
Um candidato precisa superar os 50% nessa métrica para vencer em primeiro turno ?portanto Lula pode se enquadrar nesse cenário, mas no limite da margem de erro, que é de dois pontos percentuais, com um nível de confiança de 95%.
A contagem de votos válidos exclui os brancos, nulos e indecisos, simulando o cálculo que será usado pelo TSE (Tribunal Superior de Justiça) para aferir o resultado das eleições neste domingo (2).
O Ipec ouviu 3.008 brasileiros na sexta-feira (30) e neste sábado (1º), em 183 municípios do país. A sondagem foi contratada pela TV Globo e o registro no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é BR-00999/2022.
O levantamento do instituto mostra o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS) empatados em terceiro lugar, com 5% dos votos válidos. O pedetista tinha 6% na rodada passada, e a emedebista possuía os mesmos 5%.
Outros candidatos que pontuaram foram a senadora Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe d?Avila (Novo), com 1% cada. Vera Lúcia (PSTU), Constituinte Eymael (DC), Léo Péricles (UP), Padre Kelmon (PTB) e Sofia Manzano (PCB) não pontuaram.
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IPEC: LULA X BOLSONARO EM VOTOS VÁLIDOS
Lula (PT)
12 a 14.ago: 52%
26 a 28.ago: 50%
2 a 4.set: 50%
9 a 11.set: 51%
17 e 18.set: 52%
25 e 26.set: 52%
30.set e 1º.out: 51%
Bolsonaro (PL)
12 a 14.ago: 37%
26 a 28.ago: 37%
2 a 4.set: 35%
9 a 11.set: 35%
17 e 18.set: 34%
25 e 26.set: 34%
30.set e 1º.out: 37%
O Ipec foi criado em fevereiro de 2021 por ex-executivos do Ibope Inteligência, que encerrou suas atividades em janeiro daquele ano em razão do término de um acordo de licenciamento.
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