BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O PL de Jair Bolsonaro (PL) e ex-ministros de seu governo tiveram uma vitória expressiva nas eleições para o Senado neste domingo (2). O partido do presidente irá controlar a maior bancada da Casa, com 14 cadeiras, 5 a mais do que tinha no primeiro semestre deste ano.
Foram eleitos os ex-ministros bolsonaristas Damares Alves (Republicanos-DF), Marcos Pontes (PL-SP), Rogério Marinho (PL-RN) e Jorge Seif (PL-SC).
O ex-ministro Sérgio Moro (União Brasil), que rompeu com Bolsonaro ao deixar o governo e se reaproximou do bolsonarismo na campanha eleitoral, também conseguiu uma cadeira no Senado pelo Paraná.
O vice-presidente Hamilton Mourão (Republicanos) é outro próximo a Bolsonaro que conseguiu uma vaga no Senado. Ele derrotou o petista Olívio Dutra no Rio Grande do Sul. Magno Malta (PL-ES), outro político bastante ligado ao presidente, venceu no Espírito Santo.
O bloco mais à esquerda também cresceu, mas um pouco mais timidamente. O PT passou de 7 para 9 senadores nessas eleições. Entre os eleitos, estão os ex-governadores Camilo Santana (CE) e Wellington Dias (PI). Em Pernambuco, foi eleita para o Senado a petista Teresa Leitão.
Além do crescimento do PL, outros partidos governistas ou que fazem parte do chamado centrão conseguiram aumentar as suas bancadas, como a União Brasil.
Tradicionalmente a maior bancada do Senado, o MDB saiu mais fraco dessas eleições. O partido perdeu quatro senadores cujos mandatos terminaram. Por outro lado, conseguiu eleger apenas Renan Filho (MDB-AL).
A situação vai dar munição para o grupo de Renan Calheiros, que desde o início se opôs à candidatura de Simone Tebet à presidência da República, argumentando que o partido não deveria apostar em um nome pouco competitivo e deveria sim investir recursos de campanha e esforços para aumentar a bancada no Congresso Nacional.
O PSDB seguiu a tendência de encolhimento no Congresso Nacional.
Nestas eleições, apenas 27 das 81 cadeiras estiveram em disputa --diferentemente da Câmara dos Deputados, o mandato dos senadores é de oito anos, com renovação de parte da Casa a cada quatro anos (um terço e dois terços, respectivamente).
O cenário da próxima legislatura ainda coloca em dúvidas a reeleição do presidente Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Embora a regra não tenha sido seguida nas duas últimas eleições internas, a maior bancada do Senado tem a prerrogativa de indicar o nome para a presidência.
Embora eleito com o apoio de Bolsonaro, Rodrigo Pacheco depois se distanciou do Planalto e se tornou alvo dos bolsonaristas. Os aliados do presidente não aceitaram a abertura da CPI da Covid e o que chamam de "blindagem" aos ministros do Supremo Tribunal Federal.
A eleição para o comando do Senado ocorrerá em fevereiro e será influenciada também pelo resultado do segundo turno presidencial. Uma eventual vitória de Bolsonaro tende a ser prejudicial às pretensões de Pacheco.
Desde 2021, com a eleição de Pacheco, o Senado serviu como uma espécie de anteparo ao bolsonarismo e ao próprio governo Bolsonaro, que encontrou em Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara e líder do centrão, um aliado bem mais prestativo.
A Casa instalou a CPI da Covid, que se tornou o maior ponto de pressão contra o governo durante a pandemia do novo coronavírus, apontando erros no enfrentamento da doença, negligência na compra de vacinas e indícios de corrupção. O relatório final da comissão recomendou o indiciamento de Jair Bolsonaro e mais 77 pessoas, incluindo seus filhos, ministros, parlamentares governistas e médicos negacionistas.
O Senado também brecou a chamada pauta de costumes do bolsonarismo. Não avançaram na Casa, por exemplo, as propostas que flexibiliza regras relativas ao porte de armas e a que permite o chamado homeschooling --a educação de crianças em casa.
O MDB passou a maior parte dos últimos quatro anos como a maior bancada do Senado, chegando a contar com 16 senadores. No entanto, foi perdendo parlamentares para outras siglas. Além disso, os emedebistas sofreram duas grandes derrotas nesse período, ao tentarem eleger o presidente da Casa.
Na primeira delas, em 2019, o recém-eleito governo Bolsonaro atuou para derrubar Renan Calheiros (MDB-AL), contando ainda com um racha interno no MDB e com a atuação de senadores eleitos com a bandeira do combate à corrupção. Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) ganhou a disputa e foi aumentando o seu poder, em particular concentrando a distribuição de emendas. Conseguiu fazer seu sucessor com facilidade, em 2021, quando o MDB decidiu abandonar Simone Tebet (MS).
O Senado também vai perder nesse período de renovação alguns políticos admirados por seus pares, como os tucanos Tasso Jereissati (PSDB-CE) e José Serra (PSDB-SP). O primeiro chegou a ser cotado para a vaga de vice na chapa presidencial de Simone Tebet, mas acabou decidindo não concorrer a nenhum cargo eletivo nas eleições. Já Serra optou por disputar uma vaga na Câmara dos Deputados.
Outro senador experiente que vai deixar o Senado é Álvaro Dias (Podemos-PR), que perdeu a disputa no Paraná para Sergio Moro.
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