SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao fracassar em sua tentativa de reeleição, o governador de São Paulo, Rodrigo Garcia (PSDB), se fechou no Palácio dos Bandeirantes, na capital, neste domingo (2). Nem Rodrigo nem a cúpula do partido, que administra o estado desde 1995, fizeram pronunciamentos ou atenderam à imprensa.
Rodrigo se manifestou apenas por meio de um tuíte. "Quero agradecer o carinho com que fui recebido durante nossa campanha e os votos recebidos neste domingo", postou o governador. "Vou continuar trabalhando para o estado que tanto amo. São Paulo, conte sempre comigo."
No Palácio, o clima foi de desolação e de incertezas em relação ao futuro do PSDB e do próprio governador. Integrantes da gestão de Rodrigo, que foram ao encontro do governador, contaram à reportagem que o clima era de muita tristeza.
O futuro de Rodrigo, que se filiou ao PSDB em 2021 após militar toda a vida no DEM, está ameaçado. Políticos próximos a ele dizem que, com a derrota deste domingo, é quase certa a saída dele do tucanato e o ingresso na União Brasil (fusão do DEM e PSL).
Após a morte de Bruno Covas (PSDB), a debandada de Geraldo Alckmin (PSB) e a aposentadoria de João Doria (PSDB), o PSDB ficou órfão de líderes no estado.
Outra questão em aberto é qual a postura do PSDB no segundo turno. Se os tucanos devem apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou Fernando Haddad (PT). A tendência é que Rodrigo fique neutro, assim como o diretório estadual do partido.
Ao longo deste domingo, a assessoria de campanha não havia agendado nenhuma entrevista --informou apenas que o tucano acompanharia a votação da residência oficial, no Palácio dos Bandeirantes.
Em meio à falta de informações, jornalistas acamparam em frente ao diretório do partido, na zona oeste. Somente por volta das 20h30, uma funcionária do diretório informou aos repórteres que Rodrigo, após ter se manifestado pelo Twitter, não iria para o diretório.
Procurado pela reportagem, o presidente do PSDB estadual, Marco Vinholi, não atendeu aos pedidos de entrevista até a publicação desta reportagem.
Rodrigo chegou ao dia da eleição sob desconfiança e pressionado a defender a hegemonia tucana no Palácio dos Bandeirantes. É a primeira vez desde 1994 que o PSDB está fora da disputa pelo Governo de São Paulo. O partido chegou a vencer em primeiro turno em 2006, 2010 e 2014.
O fiasco é atribuído por tucanos sobretudo à crise gerada por Doria, antecessor de Rodrigo. O ex-governador aprofundou o racha na sigla, comprou brigas internas e ainda acumulou uma forte rejeição junto ao eleitorado.
Na campanha, Rodrigo esteve atrás de Haddad e Tarcísio nas pesquisas de intenções de votos.
Candidato era o menos conhecido e Enquanto Haddad e Tarcísio deram início à campanha na esteira da polarização nacional entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL), Rodrigo teve como desafio tornar-se conhecido da população.
Sem ligar-se a nenhum presidenciável, apresentou-se como independente e disse querer proteger São Paulo da briga política. "Nem esquerda nem direita, é pra frente" foi seu slogan.
Segundo ele, Haddad e Tarcísio estavam concorrendo apenas para defender interesses, respectivamente, de Lula e Bolsonaro. A tentativa de trilhar uma terceira via, no entanto, falhou.
O tucano assumiu o Palácio dos Bandeirantes em abril deste ano, após a renúncia de Doria, que iria concorrer ao Planalto. A candidatura, porém, foi enterrada pelo próprio PSDB, na tentativa de blindar Rodrigo da rejeição do aliado.
Como vice de Doria, Rodrigo não conseguiu holofotes e, antes disso, foi deputado estadual e federal, além de ocupar secretarias em gestões tucanas anteriores no estado. Esta, aliás, foi sua primeira candidatura ao Executivo.
No início da campanha, o candidato do PSDB apostou em medidas de impactos eleitoreiros, como diminuição de impostos e congelamento do preço do pedágio.
Nas últimas semanas, o tucano mergulhou numa campanha mais agressiva, principalmente com ataques direcionados a Tarcísio e se colocando como o mais capacitado para derrotar o PT em São Paulo. Nem assim Rodrigo decolou nas pesquisas.
Na reta final, ele se apegou à quantidade de votos indecisos e na mobilização de prefeitos e deputados em cidades do interior. O uso da máquina pública para distribuir verbas e obras no interior era um trunfo da campanha tucana.
Aliados de Rodrigo também alimentavam suas esperanças ao olhar para a eleição de 2018. Naquele pleito, o Datafolha mostrou que o candidato Paulo Skaf (MDB) contabiliza 26%, e Márcio França (PSB), 20%, no primeiro turno. Nas urnas, França levou a melhor e foi para o segundo turno contra Doria.
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