BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Se a defesa da cloroquina e do tratamento precoce contra Covid rendeu fama a figuras até então pouco conhecidas durante a pandemia, nas urnas a pauta desprovida de base científica não teve tanto sucesso e não conseguiu emplacar uma bancada com seus defensores.
De cinco candidatos que tentavam uma vaga no Congresso Nacional, apenas dois conseguiram vitória ?dois ex-ministros de Jair Bolsonaro (PL).
Um é o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello (PL-RJ), que não só foi eleito deputado federal, mas foi também o candidato mais votado do estado. Outro é Osmar Terra (PL-RS), ex-chefe da pasta da Cidadania. Ele concorreu, com sucesso, ao mesmo cargo.
Por outro lado, Mayra Pinheiro (PL-CE), conhecida como Capitã Cloroquina, e Nise Yamaguchi (Pros-SP), que foi conselheira próxima do presidente para as políticas de combate ao coronavírus, não conseguiram se eleger para a Câmara dos Deputados.
Raíssa Soares (PL-BA), notória defensora do tratamento precoce, perdeu a disputa ao Senado.
Soares, por sua vez, colheu alguns frutos por sua atuação durante a pandemia. Em 2020, por exemplo, ela serviu como uma espécie de cabo eleitoral de candidatos alinhados a Bolsonaro que concorreram nas eleições municipais.
Em janeiro de 2021, ela foi escolhida para a secretaria de Saúde da cidade de Porto Seguro. No cargo, foi alvo de uma ação do Ministério Público estadual, que pediu seu afastamento por incentivar o uso de remédios sem eficácia contra a Covid.
Ela chefiou a pasta até o final do ano passado, quando se afastou para preparar sua campanha eleitoral.
"A pandemia da Covid-19 mostrou que gente precisa se posicionar. Não tenho histórico na política, não tenho familiares políticos, mas acredito que a política precisa de pessoas com posição clara. Esse é o motivo de eu decidir entrar", disse à Folha, na época.
Mayra Pinheiro, a Capitã Cloroquina, chegou a chefiar a Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde.
No cargo, ela foi uma árdua defensora do tratamento precoce e participou da criação do aplicativo TrateCov, que receitava medicamentos ineficazes contra a Covid.
Por sua atuação, acabou sendo alvo da CPI da Covid, que em seu relatório pediu seu indiciamento, sob acusação de epidemia com resultado morte, prevaricação e crime contra a humanidade.
Ela já tinha experiência em eleições. Concorreu a deputada federal em 2014 e a senadora em 2018, mas tal qual em 2022, não foi eleita em nenhuma dessas ocasiões.
Também Nise Yamaguchi foi alvo da CPI da Covid. Em seu depoimento, a médica defendeu o "tratamento precoce" com cloroquina e hidroxicloroquina contra a Covid-19 e se esquivou de responder sobre posicionamentos feitos no ano passado sobre imunidade de rebanho e vacinação. Também negou fazer parte de um gabinete paralelo de aconselhamento de Bolsonaro na pandemia.
O trio é parte do grupo de candidatos que não havia concorrido com apoio do presidente em 2018, mas surfou na onda do bolsonarismo durante o atual governo e arriscou a sorte nas urnas.
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