BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Nomes que ganharam notoriedade nas sessões da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Covid, seja no papel de interrogadores ou no banco dos depoentes, conseguiram colher dividendos políticos nas eleições deste domingo (2).

Dois senadores que integraram o colegiado conseguiram ser reeleitos: o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD-AM), e Otto Alencar (PSD-BA). Além deles, outros quatro senadores (tanto governistas como da oposição) conseguiram chegar ao segundo turno nas disputas por governos dos estados.

No lado dos depoentes, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello acabou como o segundo deputado federal mais votado pelo estado do Rio de Janeiro.

A CPI da Covid funcionou no Senado entre abril e outubro do ano passado, atraindo grande atenção da opinião pública durante a pandemia. Suas sessões se tornaram sucessos midiáticos e nas redes sociais, com as revelações, bate-bocas, piadas e até prisão.

O relatório final da comissão recomendou o indiciamento de 78 pessoas, incluindo o presidente Jair Bolsonaro (PL), seus filhos, ministros do governo, parlamentares e médicos. A CPI tornou-se um dos principais contrapontos às práticas e discursos negacionistas adotados pelo governo durante a pandemia.

Impulsionados pela grande exposição durante as sessões, muitos senadores começaram a articular ainda durante a vigência da comissão suas candidaturas em 2022, de governos estaduais à Presidência da República.

Do lado do chamado G7 -grupo formado por oposicionistas e independentes- Aziz e Otto Alencar conseguiram a reeleição, embora de maneira diferente. O senador baiano teve uma eleição tranquila, sendo reeleito com 58% dos votos. Já Aziz esteve a maior parte da apuração dos votos atrás de seu rival na disputa, ultrapassando apenas na reta final. O ex-comandante da CPI terminou com 41,3% dos votos dos amazonenses, contra 39% de Coronel Menezes (PL).

Nesse mesmo grupo, Rogério Carvalho (PT-SE) chega ao segundo turno da disputa pelo governo de Sergipe como favorito, após terminar a primeira rodada com 44,7% dos votos. Seu rival na disputa, Fábio (PSD), teve 38,9%.

O também oposicionista Eduardo Braga (MDB-AM) chegou ao segundo turno do governo de Amazonas, mas em desvantagem em relação ao atual chefe do Executivo estadual, Wilson Lima (União Brasil).

Da mesma maneira, dois governistas da CPI chegaram ao segundo turno das eleições estaduais, um deles como favorito e o outro precisando tirar vantagem. Jorginho Mello (PL-SC), que protagonizou uma briga com Renan Calheiros (MDB-AL) e ficou conhecido por falar ao alagoano ir "para os quintos", terminou o primeiro turno com uma grande vantagem. Alcançou 38,6% dos votos, enquanto seu rival, Décio Lima (PT), teve 17,4%

O governista Marcos Rogério (PL-RO), que cunhou o bordão "vai vendo, Brasil" durante a CPI da Covid, também chegou ao segundo turno em Rondônia, praticamente empatado com o primeiro colocado e com chances de vitória.

Entre os membros da CPI derrotados, estão o independente Alessandro Vieira (PSDB-SE) e o bolsonarista Luis Carlos Heinze (PP-RS) --que virou meme após internautas associarem uma fala dele com a atriz pornô Mia Khalifa.

Também derrotada foi a senadora Simone Tebet (MDB-MS), que terminou em terceiro na disputa pela Presidência da República. A parlamentar teve 4,16% dos votos, mas ganhou força política por ultrapassar na reta final da campanha o pedetista Ciro Gomes. Tornou-se uma personalidade política mais relevante e agora é cortejada por Lula e Bolsonaro, que querem os seus votos.

Dentre os depoentes da CPI, o ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello recebeu 205 mil votos dos eleitores fluminenses para a Câmara dos Deputados. Foi o segundo mais votado, após uma contestada passagem pelo ministério durante o enfrentamento da pandemia.

O relatório final da comissão recomenda seu indiciamento por alguns crimes, como o de epidemia com resultado em mortes, prevaricação e emprego irregular de verbas públicas.

Mayra Pinheiro, conhecida como Capitã Cloroquina, não teve a mesma sorte de Pazuello, apesar de ter conseguido uma votação expressiva. Candidata a deputada federal pelo Ceará, ela teve 71 mil votos, sendo a sétima mais votada de seu partido -cinco foram eleitos.

Pinheiro foi secretária de Gestão do Trabalho e da Educação em Saúde do Ministério da Saúde. Durante o seu depoimento na comissão, ela voltou a defender o chamado tratamento precoce, baseado em medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19.

Outra defensora do chamado Kit Covid, a médica Nise Yamaguchi, conselheira de Bolsonaro, não conseguiu ser eleita com seus 36 mil votos. Em seu depoimento, ela foi duramente confrontada por Otto Alencar, que questionou se ela sabia a diferença entre vírus e protozoário. A médica depois processou o senador e também o presidente da comissão.


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