SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As eleições deste domingo (2) elegeram 27 senadores e 513 deputados federais, além de deputados estaduais. Mas, se de um lado, candidatos pouco conhecidos foram consagrados, nomes considerados fortes na política nacional amargaram derrotas emblemáticas.
Fernando Holiday (Novo), que foi o vereador mais novo a ser eleito na capital paulista em 2016, quando tinha 20 anos, está nessa lista, assim como Alexandre Frota (PSDB) e Joice Hasselmann (PSDB), que viram seus votos despencarem ao se distanciarem do presidente Jair Bolsonaro (PL). Veja alguns casos:
Fernando Holiday (Novo)
Vereador paulistano, Holiday ganhou notoriedade quando ainda era ligado ao MBL (Movimento Brasil Livre) e foi o vereador mais novo a ser eleito na capital paulista em 2016, quando tinha 20 anos. Agora, no entanto, ele conseguiu 38.118 votos e não se elegeu para a Câmara dos Deputados. Negro e gay, Holiday se afastou do MBL em 2021 por algumas discordâncias na pauta do movimento.
Alexandre Frota (PSDB)
O ator recebeu 24.224 votos, insuficientes para assumir uma cadeira na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo). Em 2018, então pelo PSL, foi eleito deputado federal com mais de 155 mil votos e acabou sendo um dos primeiros parlamentares a deixar a base de Bolsonaro, tendo sido expulso em agosto de 2019 após fazer críticas à gestão do presidente.
Joice Hasselmann (PSDB)
Estrela do bolsonarismo em 2018, a jornalista viu minguar seus votos de 1 milhão conquistados em 2018 --a segunda maior marca daquela disputa-- para apenas 13.679 na sua tentativa fracassada de reeleição à Câmara dos Deputados. Joice chegou a ser nomeada líder do governo no Congresso em 2019, mas acabou rompendo com o governo após contrariar Bolsonaro. Em 2021, deixou o PSL, dizendo que o partido era cúmplice das traições do presidente e que nunca mais votaria em seu antigo aliado.
Sérgio Camargo (PL)
Ex-presidente da Fundação Palmares, Sérgio Camargo não conseguiu se eleger deputado federal por São Paulo após receber 13.085 votos. Ele ficou conhecido por se posicionar contra pautas do movimento negro e por se definir como negro de direita. "Negros não precisam ser vítimas. Negros são livres. Pretos e brancos unidos. Palmares digna. Bolsonaro até 2026. Sigamos, patriotas", disse na época de sua filiação.
André Porciuncula (PL)
Outro aliado do presidente Bolsonaro, Porciuncula foi chefe da Lei Rouanet, deixando o cargo na Secretaria Especial da Cultura para se lançar candidato a deputado federal pela Bahia, seu estado natal. Durante sua gestão, a Rouanet sofreu reformulações que incluíram a redução do cachê de artistas e passou a haver atrasos na aprovação e análise dos projetos. Neste domingo, ele teve 82.692 votos, insuficientes para colocá-lo entre os eleitos devido ao quociente eleitoral.
Kátia Abreu (PP)
Importante integrante da bancada ruralista, Katia Abreu não conseguiu se reeleger para o Senado pelo Tocantins. Empresária do ramo pecuarista, ela foi a primeira mulher a ser eleita senadora pelo estado e ficou conhecida por sua atuação durante o impeachment de Dilma Rousseff (PT). Com apenas 18,5% dos votos, no entanto, ela perdeu a vaga para a deputada federal Professora Dorinha (União Brasil).
Romero Jucá (MDB)
Representante de Roraima no Senado por três mandatos, Jucá tentava voltar ao posto após ser alvo da operação Lava Jato. Grampeado em março de 2015, no auge da operação, ele, que era ministro do Planejamento de Dilma Rousseff, foi flagrado defendendo sua troca pelo então vice, Michel Temer (MDB). Com 35,74% dos votos, Jucá foi derrotado por Hiran Gonçalves (Progressistas).
Fabrício Queiroz (PTB)
Ex-policial e amigo da família Bolsonaro, Queiroz perdeu a disputa pela Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro após conquistar apenas 6.701 votos. Ele, que usou imagens do presidente Jair Bolsonaro em seu material de campanha, foi um dos envolvidos no caso das rachadinhas, em que Flávio Bolsonaro (PL-RJ) foi acusado de contratar funcionários fantasmas que lhe devolviam parte dos salários pagos pelo Estado.
José Serra (PSDB)
O senador, que se lançou à Câmara dos Deputados neste ano, não conseguiu se eleger de forma direta. Ele recebeu 88.926 votos e será o terceiro suplente da federação PSDB/Cidadania. Aos 80 anos, Serra já foi prefeito e governador de São Paulo, e concorreu à Presidência pelo PSDB em 2002 e 2010.
Fernando Pimentel (PT)
Ex-prefeito de Belo Horizonte (2005-2008) e ex-governador de Minas (2015-2018), Fernando Pimentel é mais um nome forte que não conseguiu se eleger neste domingo. Ele teve 37.009 votos e não conquistou uma das vagas de deputado federal pelo estado. Ele também foi ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do governo Dilma Rousseff (2011-2016).
Álvaro Dias (Podemos)
Atual senador pelo Paraná, Álvaro Dias não conseguiu se reeleger neste domingo e perdeu a vaga no Legislativo para seu antigo afilhado político Sérgio Moro (União). No Senado há mais de 20 anos e entusiasta da Operação Lava Jato, ele obteve 24% dos votos válidos e ficou atrás, não apenas de Moro, que teve 34%, mas também de Paulo Martins (PL), que conseguiu 29%.
Eduardo Cunha (PTB)
Ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha não conseguiu uma vaga como deputado federal por São Paulo neste domingo, com apenas 5.044 votos. Foram eleitos apenas 70 deputados pelo estado, e o ex-parlamentar, que comandou a Casa durante o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), ficou na 383ª posição. Na campanha, usou o mote de que iria "tirar o PT de novo" do poder.
Cris Brasil (PTB)
Cris Brasil, filha de Roberto Jefferson, presidente do PTB que foi o delator do mensalão, também não conseguiu se eleger deputada federal por São Paulo. Com trajetória pautada no Rio de Janeiro, onde foi vereadora três vezes, ela conquistou apenas 6.730 votos. À Folha de S.Paulo ela chegou a dizer que seu principal projeto, caso eleita, seria uma emenda para que o STF (Supremo Tribunal Federal) não tenha controle constitucional.
Douglas Garcia (Republicanos)
O deputado estadual Douglas Garcia, que agrediu verbalmente a jornalista Vera Magalhães em setembro, não conseguiu se eleger deputado federal por São Paulo nas eleições deste domingo. Ele teve 24.549 votos, o que não foi suficiente para a vaga. Durante um debate com candidatos ao governo estadual, ele disse que Magalhães é "uma vergonha para o jornalismo" e teve que ser contido por seguranças.
Nise Yamaguchi (PROS)
A médica Nise Yamaguchi, que ficou conhecida durante a pandemia por fazer parte do "gabinete paralelo" que tomava decisões sobre a Covid-19 no governo Bolsonaro, não conseguiu se eleger deputada federal por São Paulo, com 36.690 votos. Durante a CPI da Covid, ela entrou em discussão com senadores ao defender o chamado tratamento precoce, com base em medicamentos como a hidroxicloroquina.
Coronel Telhada (PP)
Ex-comandante da Rota (tropa de elite da PM), coronel Telhada, apoiador do governo de Jair Bolsonaro, não conseguiu se eleger deputado federal. Atualmente ocupando o cargo de deputado estadual em São Paulo, ele teve 69.945 votos e ficará como suplente, segundo ele mesmo afirmou em suas redes sociais ao agradecer pelos votos. Filho do coronel, o capitão Telhada foi eleito deputado estadual.
Adrilles Jorge (PTB)
Adrilles Jorge, ex-BBB e comentarista da Jovem Pan, também foi derrotado neste domingo. Ele, que muitas vezes se mostrou um defensor de Bolsonaro, gerou polêmica há alguns meses ao fazer um gesto que foi considerado nazista durante um programa de TV. Ele acabou demitido da Jovem Pan por conta do episódio e denunciado pelo Ministério Público por incitação à discriminação e ao preconceito.
Felipe Folgosi (PL)
Ex-galã de novelas e apoiador do presidente Jair Bolsonaro, o ator Felipe Folgosi se lançou candidato a deputado federal por São Paulo tentando seguir uma trajetória semelhante a do também ator Mario Frias. Diferente do colega, no entanto, que conseguiu se eleger deputado federal por São Paulo no domingo, Fogosi não teve votos suficientes, com apenas 30.921.
Abraham Weintraub (PMB)
O ex-ministro da Educação Abraham Weintraub não foi eleito deputado federal por São Paulo. Ele e o irmão, Arthur Weintraub, tiveram 4.000 e 1.900 votos, respectivamente. A gestão de Weintraub no ministério foi marcada por polêmicas, projetos parados e derrotas no Congresso. Ele deixou a pasta com a bênção de Bolsonaro para ocupar um cargo de diretor do Banco Mundial, nos EUA, mas depois rompeu com o presidente.
Luiz Henrique Mandetta (União Brasil)
Outro ex-ministro de Bolsonaro derrotado nas urnas deste domingo foi Luiz Henrique Mandetta (União Brasil), que teve 206 mil votos (15,1%) para o senado pelo Mato Grosso do Sul, ficando atrás da ex-ministra Tereza Cristina (PP), eleita com cerca de 829 mil votos (60,86%). Ministro da Saúde de janeiro de 2019 a abril de 2020, Mandetta foi demitido após conflitos com Bolsonaro no primeiro mês de pandemia no Brasil.
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