BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - No dia seguinte ao primeiro turno, a campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) já fala em ampliar a presença do presidente em agendas de periferia.
A avaliação é de que o adversário, ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ainda lidera com folga entre os mais pobres e que será preciso dialogar mais com este segmento para vencer o segundo turno.
Eles também apostam que os programas eleitorais serão ainda mais relevantes nesta etapa, e acreditam que o presidente precisará gravar mais fora do estúdio, como foi na primeira etapa da eleição.
No segundo turno, os dois candidatos à Presidência têm o mesmo tempo de rádio e TV.
Os detalhes de como isso será feito ainda não foram definidos. Integrantes da campanha devem se reunir ainda nesta segunda-feira (3) em Brasília.
Aliados do chefe do Executivo veem que o eleitorado do presidente está fidelizado e que ele precisa conquistar votos fora da bolha.
No primeiro turno, ele priorizou agendas com apoiadores e motociatas. Neste momento, precisa dialogar com os que representam a maior parcela dos eleitores, que ganham até dois salários mínimos.
Como um gesto a este segmento, a Caixa Econômica Federal anunciou nesta segunda-feira a antecipação, do dia 18 para dia 11, o pagamento do Auxílio Brasil e do Auxílio Gás.
A medida já havia ocorrido em agosto, mas em setembro, não. Integrantes do governo disseram que, mesmo antes do primeiro turno, já estava prevista a antecipação e há intenção de manter no começo do mês o pagamento dos benefícios.
Lula teve 48,43% dos votos válidos no domingo (2), contra 43,20% de Bolsonaro. Faltou 1,8 milhão de votos para o petista levar a fatura no primeiro turno.
Apesar de o desempenho eleitoral de Bolsonaro ter sido superior ao que indicavam as pesquisas, os números estavam mais próximos dos levantamentos da campanha, que já apostavam no segundo turno.
Bolsonaro, por sua vez, teria ficado surpreso. Segundo relatos, ele acreditava na possibilidade de levar em primeiro turno a disputa -na tese apelidada por ele de Datapovo, para desacreditar pesquisas eleitorais.
O chefe do Executivo conversou com jornalistas no Palácio da Alvorada, na noite de domingo, após o resultado das urnas. Ele admitiu a perda de voto da população mais vulnerável e atribuiu isso à perda do poder aquisitivo.
"Entendo que teve muito voto que foi pela condição do povo brasileiro que sentiu o aumento dos produtos, em especial da cesta básica. Entendo que é uma vontade de mudar por parte da população, mas tem certas mudanças que podem vir para pior", disse, referindo-se a Lula e à esquerda.
Bolsonaro também disse que sua mensagem não chegou a toda a população. "A gente tentou durante a campanha mostrar esse outro lado, mas parece que não atingiu a camada mais importante da sociedade", completou.
O presidente atribuiu a queda no poder aquisitivo à condução da pandemia da Covid-19 por estados e municípios, que realizaram o isolamento social. Sem vacina, à época, era a única forma de tentar impedir o avanço do vírus, mas Bolsonaro era contrário.
"Tenho certeza que vamos poder mostrar para essa parcela da sociedade que a mudança que porventura alguns querem pode ser pior", disse.
Entretanto, Bolsonaro afirmou ter confiança total no segundo turno e criticou institutos de pesquisa.
Enquanto o chefe do Executivo foi o mais votado nas regiões Sul, Centro-Oeste e em três estados do Sudeste, Lula liderou no Nordeste.
O atual mandatário teve 47,6% dos votos do Sudeste, região mais populosa do Brasil e foco principal das campanhas.
Ele também ganhou o Sul, historicamente bolsonarista, e Centro-Oeste. Nas duas regiões, teve mais de 53% dos votos.
Já Lula ganhou no Nordeste por 66,9% contra 26,8% de Bolsonaro. A região é a que mais tem famílias beneficiárias do Auxílio Brasil, sucessor do Bolsa Família e uma das principais apostas do presidente desde o princípio da campanha.
Aliados, no início do ano, chegaram a defender que o valor fosse de R$ 800, mas ganhou a proposta de R$ 400 da equipe econômica.
Diante da alta inflação e pressionado pelo calendário eleitoral, o governo decidiu conceder o benefício de R$ 600 até dezembro.
Apesar de Bolsonaro já ter dito que o valor seguirá o mesmo no próximo ano, a proposta não consta no orçamento de 2023. Ela terá de ser enviada ao Congresso em novembro, analisada e aprovada pelos parlamentares.
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