SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Para o segundo turno, o comando da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) planeja um movimento mais radical para o centro, incluindo até a abertura de diálogo com políticos alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Esse movimento ocorre na esteira dos resultados das eleições.

Com 99,99% das urnas apuradas, o petista teve neste domingo (2) 48,43% dos votos válidos, ante 43,2% do atual chefe do Executivo. A articulação em discussão também inclui uma aliança com o PSDB no Rio Grande do Sul, em Pernambuco e em São Paulo, além de neutralidade na Paraíba.

Outro movimento em curso ocorre em Minas Gerais, onde os petistas pretendem reabrir conversas iniciadas na pré-campanha com o governador Romeu Zema (Novo), reeleito em primeiro turno.

À época, desenhava-se um pacto de não agressão apelidado de "Luzema". Pelo acordo em discussão na pré-campanha, o PT lançaria apenas o deputado federal Reginaldo Lopes para o Senado, liberando seus eleitores na disputa ao governo. Lula, no entanto, foi convencido da necessidade de um palanque para governador, apoiando formalmente o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD).

Hoje, integrantes da cúpula da campanha dizem que Lula foi induzido a erro. A reabertura de canais com Zema chegou a ser cogitada, mas já era tarde demais. Agora a ideia é propor ao governador um acordo informal, segundo o qual ele apoiaria Bolsonaro sem fazer uma campanha apaixonada pelo presidente.

Na tentativa de atrair o PSDB, em Pernambuco, a estratégia em debate seria o PC do B apoiar a candidata tucana Raquel Lyra ao governo contra Marília Arraes (Solidariedade). Integrantes do comando da campanha de Lula lembram que Raquel é do chamado centro democrático, tendo sido filiada ao PSB. Já a ex-petista Marília integra a aliança de partidos encabeçada pelo ex-presidente. Daí a proposta salomônica.

No Rio Grande do Sul, o PT, cujo candidato, João Edegar Pretto, chegou em terceiro lugar, com 26,77% dos votos válidos, apoiaria Eduardo Leite --em troca de espaço do palanque do tucano no segundo turno.

Petistas também buscam diálogo com o PSDB de São Paulo. O governador Rodrigo Garcia (PSDB) foi derrotado e não disputará o segundo turno, que ficou entre Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Fernando Haddad (PT). Nesta segunda-feira (3), o ex-governador Márcio França (PSB), que perdeu a eleição para o Senado para Marcos Pontes (PL), afirmou ter conversado com Rodrigo por mensagens de texto, mas disse que não chegaram a discutir um possível apoio do tucano à candidatura do ex-prefeito de São Paulo.

"Cumprimentei e disse a ele que o resultado não representa um perfil do governo dele. É um resultado polarizado, e qualquer coisa que ficasse no meio seria trucidada. E ele foi o trucidado da vez."

Ao ser questionado se Rodrigo havia se mostrado aberto a dialogar com Haddad, França disse que a conversa não chegou a esse ponto --mas afirmou acreditar que ela "vai chegar".

O ex-governador disse não ver condições para que o tucano e "todo mundo que é democrata" façam campanha para alguém que é de fora do estado, em crítica a Tarcísio, carioca e radicado em Brasília.

A campanha de Lula inclui até mesmo uma conversa informal com o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), reeleito no domingo. No estado, domicílio eleitoral de Bolsonaro, a ideia é pedir uma oposição respeitosa, com a promessa de uma relação amistosa caso Lula seja eleito. O presidente da Assembleia do Rio, André Ceciliano (PT), derrotado na corrida pelo Senado, seria porta-voz da oferta.


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