SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A campanha de Fernando Haddad (PT) ao Governo de São Paulo deve anunciar novos apoios ao longo do dia, seguirá pressionando o PSDB e tem enfrentado tensão com a equipe de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Haddad enfrentará Tarcísio de Freitas (Republicanos) no segundo turno. O bolsonarista terminou com 42,32% contra 35,70% do petista.
Os petistas vinham tentando ao menos impedir que Rodrigo Garcia (PSDB) apoiasse Tarcísio, sem sucesso. Se esse apoio se concretizar, terão de rever a estratégia.
A expectativa dos petistas é que não só o Solidariedade como o PDT de Elvis Cezar e Ciro Gomes anuncie apoio a Haddad na corrida estadual ao longo desta terça-feira (4). Paralelamente a isso, também aguardam apoio de artistas a Haddad e cobram mobilização da militância no estado.
Os petistas avaliaram que, no primeiro turno, antecipou-se uma onda de voto útil antipetista migrando de Rodrigo para Tarcísio.
A avaliação também se repetiu entre aliados, como Guilherme Boulos (PSOL). "Nós tivemos uma migração antecipada do voto útil de direita para o Tarcísio, o que explicou o Rodrigo ter ficado abaixo das expectativas e ele acima."
"Isso significa que o resto do voto do Rodrigo pode inclusive ter uma tendência a migrar mais para o Fernando Haddad, se a gente fizer uma campanha muito mobilizada nesses próximos 28 dias", disse.
Na avaliação de Márcio França (PSB), os ataques petistas a Rodrigo podem ter acionado o gatilho desse antipetismo antecipadamente no pleito.
"Em São Paulo o que houve foi uma certa antecipação do voto útil à direita", disse. "Não sei se o excesso da pancada no Garcia não provocou uma antecipação do processo de reação antipetista".
A questão dos ataques a Rodrigo e a menor artilharia contra Tarcísio é uma crítica forte por parte da equipe de Lula à equipe de Haddad.
Os lulistas cobravam ataques mais fortes em Tarcísio para fragilizar o palanque de Jair Bolsonaro (PL) em São Paulo, onde o presidente acabou, por fim, tendo mais votos que Lula.
Emissários da campanha de Lula tiveram uma reunião com a equipe de Haddad e mostraram que as pesquisas apresentavam tendência de crescimento do Tarcísio e Marcos Pontes (PL) no estado, mas que a equipe do ex-prefeito de São Paulo resistiu a mudar de estratégia, chegando a dizer que não deveria haver interferência da esfera nacional no estado.
Emissários de Lula chegaram a propor que Haddad amenizasse as críticas a Rodrigo Garcia, na expectativa de que, com o gesto, o tucano viesse a apoiá-los em um segundo turno.
A campanha de Haddad manteve peças ressaltando a ligação entre Rodrigo e o impopular João Doria (PSDB), além de o ex-prefeito ter feito fortes críticas ao governo e ao governador durante debates.
Entre a equipe de Haddad o discurso é de que a estratégia era meramente defensiva, uma vez que era Rodrigo quem atacava o ex-prefeito. Um ponto usado para exemplificar isso foi o uso recorrente do tempo de TV de Edson Aparecido (MDB), candidato ao senado da chapa de Rodrigo, para atacar Haddad.
Além disso, há quem também levante a possibilidade de que a frase de Lula no programa do Ratinho, do SBT, de que Bolsonaro era capiau do interior e ignorante possa ter piorado a resistência ao PT no interior de São Paulo.
Na tarde e noite de segunda-feira (3), a equipe de Haddad ficou reunida traçando estratégias para o segundo turno.
Por volta do mesmo horário, Lula reclamou da ausência de integrantes da coordenação da campanha de Fernando Haddad na reunião, uma vez que só o próprio candidato compareceu.
Segundo participantes, Lula perguntou onde estariam os representantes da campanha de Haddad, uma vez que terão de fazer agenda casada em São Paulo.
Após as tensões, Edinho Silva (PT), parte da campanha nacional, pregou união.
"Não é hora de críticas, não faz sentido fazer balanço agora, isso não ajuda. Esse tipo de posição faz o jogo do adversário. Vamos unificar a campanha em São Paulo, Lula e Haddad na mesma sintonia, e vamos construir a vitória no estado. Temos disparado os melhores candidatos", afirmou.
Para ele, o Sudeste é o maior desafio de Lula. "Em São Paulo temos muitas chances de vitória, o Fernando Haddad é o melhor candidato disparado, vamos unificar as campanhas, é hora de unidade e de construção da vitória em São Paulo".
Aliados de Haddad se articularam para evitar que o atual governador apoiasse Tarcísio, por meio de acordos nacionalizados com o partido.
No estado, Eduardo Leite (PSDB) foi para o segundo turno em desvantagem contra Onyx Lorenzoni (PL) e o apoio do PT pode fazer diferença. Com a derrota em São Paulo, o estado é visto como uma das possíveis salvações do PSDB.
O assunto foi tratado em live do coordenador de campanha de Haddad, o deputado estadual Emídio de Souza (PT). "Rio Grande do Sul, PSDB, com Eduardo Leite, para ter alguma chance tem que se aliar a nós. Então o mínimo que temos que fazer é constranger o PSDB é não declarar apoio ao Tarcísio", disse o parlamentar.
Sem interlocução com Rodrigo, o PT pediu o apoio de Paulinho da Força (Solidariedade) para ser emissário das conversas com Rodrigo Garcia. De acordo com Paulinho, ele já teria conversado com Rodrigo. As tratativas, porém, não avançaram.
Embora a situação com Rodrigo esteja desfavorável, é possível que ao menos tucanos históricos possam ser fisgados para o arranjo petista. Além de Paulinho, Geraldo Alckmin e Márcio França, do PSB, estariam a cargo de avançar na busca dos apoios.
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