RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O poder de fogo do governador reeleito do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), em favor de Jair Bolsonaro (PL) contra Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno da eleição presidencial tem limites e ameaças escondidas nos percentuais de votos válidos no terceiro maior colégio eleitoral do país.
Castro foi reeleito com 58,7% dos votos válidos, percentual superior aos 51,09% obtido por Bolsonaro no estado. Contudo, o total de votos angariado pelo governador é apenas 99 mil superior ao do presidente.
A desproporção se deve ao contingente de votos nulos na eleição estadual, 9%, maior do que o da disputa presidencial no Rio de Janeiro, 2,96%. Ainda assim, Castro pode auxiliar Bolsonaro a roubar votos de Lula, avalia o grupo próximo ao presidente. Em 21 municípios do interior, por exemplo, o governador e o petista venceram juntos, indicando um descasamento nos planos estadual e federal em algumas regiões.
O Rio de Janeiro é considerado, junto com Minas Gerais e São Paulo, os principais focos da campanha de Bolsonaro para inverter a diferença de votos para Lula registrada no primeiro turno.
O governador reeleito fez uma campanha no primeiro turno em que defendeu o presidente, mas não aderiu a bandeiras bolsonaristas. Na reta final, acenou para o ex-presidente, até então favorito na disputa nacional, declarando não ver ameaças em seu eventual retorno à Presidência da República.
A estratégia tinha como objetivo se apresentar como única opção dos bolsonaristas no estado e, ao mesmo tempo, aproximar-se do eleitorado mais pobre que tinha a intenção de votar no petista. O plano deu certo e, na reta final, Castro se distanciou de Freixo até garantir a vitória.
O governador se colocou à disposição do presidente no domingo (2), após a vitória. Sua missão ainda não está clara, e ele se reunirá nesta terça-feira com a cúpula do PL em Brasília. "Tenho um perfil próprio: vou pedir votos sem falar mal do outro. Na minha campanha, eu criticava o outro por posturas e promessas que sabia que não poderiam ser cumpridas, mas falar mal, xingar, não", disse após garantir a reeleição.
O resultado expressivo deu peso ao governador nas estratégias do segundo turno, como disse o líder do PL-RJ, o deputado federal reeleito Altineu Côrtes, para quem Castro vai "comandar o processo no Rio de Janeiro para aumentar a votação de Bolsonaro". "A sua base, não só a do PL, vai auxiliar nesse trabalho."
Mas Castro também depende do empenho de prefeitos e deputados que se mobilizaram pela sua reeleição. Parte da força da campanha do governador era justamente a capilaridade de apoios obtidos de políticos fora da órbita de Bolsonaro, com atuação mais local.
No primeiro turno, boa parte desses candidatos, inclusive do PL e do PP, nem sequer se posicionaram na eleição presidencial. Há dúvidas sobre o empenho desse grupo na segunda rodada, principalmente os parlamentares menos ideológicos. Prefeitos também temem se posicionar em meio a uma eleição acirrada, na qual o resultado é imprevisível, o que pode levar a uma má relação caso o adversário vença.
Uma das estratégias de aliados mais próximos do presidente para mobilizar prefeitos é sinalizar com envio de emendas do relator --recursos distribuídos por critérios políticos e que permitem aos congressistas mais influentes bancarem projetos e obras em seus redutos eleitorais-- em troca do apoio no segundo turno. O PL conseguiu 11 das 46 vagas para a Câmara dos Deputados no estado.
Em Duque de Caxias, segundo colégio eleitoral do Rio de Janeiro, Bolsonaro tem o apoio do ex-prefeito Washington Reis (MDB) e de seus dois irmãos eleitos deputados. Lá, Castro teve 15 mil votos a mais que Bolsonaro. Em São Gonçalo, o presidente tem o apoio do prefeito capitão Nelson (PL), que elegeu o filho, Douglas Ruas (PL), o segundo deputado federal mais votado do estado.
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