BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A executiva nacional do Cidadania decidiu na tarde desta terça-feira (4) apoiar Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno das eleições presidenciais contra Jair Bolsonaro (PL).
O partido, que é federado com o PSDB, havia integrado a coligação de Simone Tebet (MDB), que terminou a primeira rodada de votação na terceira posição, com 4,2% dos votos. Tebet também deve anunciar nos próximos dias o apoio ao petista.
Inicialmente, havia a hipótese de que os partidos que integraram a coligação de Tebet --além do MDB e da federação Cidadania-PSDB, o Podemos também fez parte-- tivessem uma posição unificada sobre apoios no segundo turno. No entanto, não houve acordo e por isso as siglas decidirão em separado.
A previsão é que MDB, PSDB e Podemos declarem neutralidade.
O segundo turno da eleição presidencial vai ser disputado por Lula e Bolsonaro, que terminaram a primeira rodada de votação com 48,4% e 43,2% dos votos, respectivamente. A diferença de votos que os separou foi de quase 6 milhões.
A reunião do Cidadania contou com a participação dos 19 membros da sua executiva nacional. Apenas três foram contrários a apoiar Lula no segundo turno, defendendo a neutralidade. Nenhum advogou apoio a Jair Bolsonaro.
O presidente nacional do partido, Roberto Freire, destacou que o apoio não configura um apoio nacional ao Partido dos Trabalhadores, muito menos uma adesão a eventual governo petista --partido com o qual ele afirma não ter negociado. O apoio é pontual e tem o objetivo de fortalecer a coligação para derrotar Bolsonaro.
"[Apoiamos] por conta de riscos contra o processo democrático e o Estado democrático de Direito. Bolsonaro nesses quatro anos demonstrou sua total falta de respeito às instituições democráticas. Portanto, contra toda esse esse atropelo, contra todo o risco de retrocessos na questão democrática, nós vamos votar 13", afirmou Freire a jornalistas, após a reunião.
O presidente da legenda argumentou que as oposições se deram por problemas regionais, cujo apoio ao petista pode atrapalhar alianças.
Freire ainda reforçou que não houve nenhuma negociação para a declaração de apoio e que, portanto, não foram apresentadas condições ao PT. O ex-deputado acrescentou ainda que foi levantada a hipótese de um "apoio crítico", com algumas ressalvas, mas que ela foi descartada pelos membros da executiva.
"Não se dá apoio crítico, né? A crítica você vai fazer ao governo, se for oposição. Na hora do voto você vai por uma opção clara. Não é um voto dizendo que é crítico, é um voto de apoio para que vença as eleições. E é preciso ter muita clareza que precisamos vencer essas eleições para afastar de vez qualquer risco às nossas liberdades futuras", completou.
Freire ainda destacou que a posição do Cidadania não será apenas declaratória e sim de "ativismo".
"Olha o que eu aprendi desde o velho Partido Comunista Brasileiro é que quando adotamos uma posição nós assumimos. Claro que eu vou votar [em Lula]. Não vou integrar totalmente em termos de campanha até pelas dificuldades que nós temos do ponto de vista programático, diria até com umas discordâncias bem aprofundadas", afirmou.
"Mas eu farei a campanha dentro do possível e o partido está integrado no processo de campanha. O nosso voto não é aqui mera declaração. Será de participação de ativismo", completou.
PSDB e Cidadania estão atualmente federados, mas não houve acordo para tomarem uma posição conjunta. Por isso acertou-se que cada sigla estaria liberada para definir seus rumos. A perspectiva é que os tucanos declarem neutralidade, em reunião também na tarde desta terça-feira (4).
Freire era um dos defensores de uma posição conjunta de toda a coligação. Afirmou que não foi possível, em grande parte por causa de questões regionais. Citou que há partidos da própria federação PSDB-Cidadania que ainda vão disputar eleições contra petistas, por isso haveria problemas no anúncio de apoio a Lula.
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