SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Fernando Alfredo, presidente do diretório paulistano do PSDB, diz que o governador Rodrigo Garcia decidiu apoiar Tarcísio de Freitas (Republicanos) e Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno sem consultar a cúpula do partido em São Paulo.

Alfredo afirma que procurou Garcia o dia todo e não teve resposta. Por fim, soube da oficialização do apoio a Bolsonaro por meio da live do presidente com o governador.

O presidente municipal diz que o tucano não fala pelo partido e deu apenas seu apoio pessoal, que não deve ter muita influência no pleito, dado que, segundo Alfredo, os eleitores votaram majoritariamente no PSDB, não em Garcia.

"Não entendo como ele vai justificar tudo o que disse do Bolsonaro. Ele e o João Doria brigaram para trazer a vacina e agora vai e declara apoio 'incondicional'? A gente sabe o que o PT fez. E a gente também sabe o que o Bolsonaro fez. Perdi minha mãe porque o Bolsonaro não quis liberar vacina. Como que eu explico para meus irmãos e meus filhos um apoio ao Bolsonaro?", afirma.

O PSDB municipal decidirá nesta quarta-feira (5) qual candidato apoiará no segundo turno em São Paulo. Pesam contra Tarcísio a declaração de que não vê sentido em ter os tucanos ao seu lado no palanque e o fato de que não procurou o tucanato.

"O Tarcísio está de salto alto, acha que já é governador. Paciência. Se ele não nos procurar institucionalmente fica difícil querer apoiá-lo", diz.

Alfredo afirma que já foi procurado por Fernando Haddad (PT), Geraldo Alckmin (PSB) e outros membros da campanha petista em São Paulo. Ele defende que o partido fique neutro, mas ressalta que a decisão será decidida coletivamente pelo diretório municipal.

Um dos aliados mais próximos de Bruno Covas (PSDB), Alfredo diz que a imagem de Garcia ao lado de Bolsonaro o remeteu aos comentários depreciativos de Bolsonaro em relação ao ex-prefeito.

Em agosto de 2021, Bolsonaro se referiu a Covas como "o outro que morreu" ao criticá-lo por suas medidas de contenção da Covid-19 na capital paulista. Covas morreu de câncer em maio do ano passado.

"O Rodrigo chegou ao PSDB pelas mãos de Bruno Covas. Eu rodei os 58 diretórios com ele. Bolsonaro falou do meu irmão Bruno Covas, não dá. Eu perdi a mãe na pandemia. Não tenho como estar ao lado de um cara desses", afirma o presidente municipal do PSDB.

"Em relação ao Rodrigo, depois de tudo que fiz por ele, o sentimento é de mágoa. Na política, alguns dizem que vale tudo. Para mim, não. O que vale na política é coerência, é ter lado, defender princípios", completa.


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