BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Os principais membros da equipe da transição do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem se reunir nesta quinta-feira (3) com o ministro Ciro Nogueira (Casa Civil) para dar início ao processo de troca de governo.
Lula será representado por Geraldo Alckmin (PSB), ex-governador de São Paulo, atual vice-presidente eleito e coordenador do grupo de transição, além da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann (PR), e do ex-ministro Aloizio Mercadante, que chefiou as discussões para o plano de governo.
Aliados do petista querem se instalar até sexta-feira (4) no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), lugar a ser usado pelos membros nomeados para compor as equipes de transição em Brasília.
Esse será o primeiro encontro presencial do núcleo duro da campanha de Lula com Ciro Nogueira após a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição.
Até agora, Gleisi conversou com o ministro da Casa Civil apenas por telefone na segunda (31). A pasta dele é responsável pela criação e nomeação dos membros indicados por Lula para a equipe de transição.
O governo eleito tem o direito a 50 cargos, incluindo o de coordenador.
"Nós fizemos um convite para o MDB indicar uma pessoa para a equipe de transição. A maioria do MDB já está conosco, participou da campanha e agora queremos que participem da transição", disse à reportagem Gleisi, que é encarregada da articulação política na transição.
O partido, no entanto, ainda não deu uma resposta ao PT nem disse quem poderia ocupar a vaga.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS) se tornou uma forte aliada de Lula no segundo turno da campanha após ela ficar em terceiro lugar no primeiro turno da disputa presidencial.
Além do MDB, a presidente nacional do PT já conversou com o PSD, e pretende, a partir da próxima semana, procurar presidentes de outras siglas, como União Brasil, PSDB e Cidadania.
No entanto, a estratégia da petista prevê investir, na largada, em alianças com o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP), e do PSD, Gilberto Kassab (SP).
A ala lulista do MDB se concentra no Nordeste, onde o presidente eleito tem uma base eleitoral cristalizada. No caso do PSD, Lula também já conseguiu atrair aliados, como os senadores Carlos Fávaro (MT), Otto Alencar (BA), Omar Aziz (AM) e Alexandre Silveira (MG).
"São dois partidos [MDB e PSD] que queremos integralmente na nossa base", afirmou Gleisi.
A maior dificuldade será no flanco ruralista do MDB, principalmente na região Sul e Centro-Oeste, onde parlamentares se sustentam politicamente no antipetismo.
Já no PSD há integrantes de São Paulo que também aderiram ao bolsonarismo na campanha que elegeu o ex-ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas (Republicanos) para o governo do estado.
Outra agenda política do governo eleito é a ida de Lula a Brasília, após um período de descanso na Bahia.
Lula deverá se encontrar com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber. Também há a perspectiva de o presidente eleito fazer uma visita institucional ao presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Alexandre de Moraes.
O objetivo, segundo petistas, é mostrar que o governo eleito será um período de estabilidade institucional -um contraponto ao enfrentamento propagado por Bolsonaro, tendo, no começo, o Congresso como alvo principal, e, depois, o Supremo.
Isso faz parte da estratégia de Lula de passar uma mensagem de unificação nacional. O presidente eleito quer estreitar o diálogo entre os Poderes antes de dar início ao terceiro mandato.
Lira é um dos principais líderes do centrão -grupo de partidos, como PP, PL e Republicanos, que se alinhou a Bolsonaro após a liberação de cargos e emendas por meio de negociação política.
Ele já fez acenos a aliados de Lula, que pode colocar em risco o plano de Lira se reeleger para mais dois anos no comando da Câmara.
O presidente da Câmara foi uma das primeiras autoridades a reconhecer a vitória de Lula no domingo (30), logo após o TSE declarar que o resultado estava matematicamente definido.
Pacheco, por outro lado, tem histórico mais próximo de Lula. Os dois se encontraram em julho, em meio à corrida presidencial.
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