SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O candidato derrotado ao Governo de São Paulo, Fernando Haddad (PT), conseguiu ampliar de 3,5 milhões para 4,7 milhões o número de votos conquistados por ele no interior do estado entre o primeiro e o segundo turno da eleição.
Nas palavras do próprio Haddad após a derrota, o interior paulista é onde o PT "teve mais dificuldade historicamente". A diferença de 1,2 milhão corresponde a um aumento de 35% e contribuiu para o melhor resultado já obtido pelo partido na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes.
Apesar de celebrado pelo PT, o desempenho foi insuficiente para reverter a vantagem confortável de Tarcísio de Freitas (Republicanos), que confirmou a vitória no pleito mesmo perdendo na Grande São Paulo. O vencedor cresceu 31% no interior, de 6,1 milhões para 7,9 milhões de votos entre os dois turnos.
"O interior de São Paulo veio conosco em grande medida. Muita gente do interior que jamais apertou 13 [número do PT] na vida, e nessa eleição apertou. É o começo de um namoro, e nós vamos conquistar esse povo. Esse diálogo avançou", afirmou Haddad.
Foi apenas a segunda vez que o PT chegou ao segundo turno no estado, palco de uma hegemonia de quase 30 anos do PSDB. Na primeira, em 2002, José Genoino havia alcançado 41,36% dos votos, contra 58,64% do então tucano Geraldo Alckmin, hoje no PSB.
Neste ano, com todas as urnas apuradas, Haddad obteve 44,73%, ante 55,27% de Tarcísio. O governador eleito teve uma vantagem de 2,6 milhões de votos no estado.
O ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) venceu no interior com 3,2 milhões de votos a mais que o adversário. Na Grande São Paulo, a apuração foi favorável ao petista, com 641 mil votos de diferença.
Proporcionalmente, Tarcísio ampliou sua votação entre os dois turnos em 46% na Grande São Paulo, ante 28% de Haddad.
O crescimento dos dois se deu no vácuo do governador e candidato derrotado à reeleição Rodrigo Garcia (PSDB), terceiro colocado no primeiro turno com 18,40% dos votos.
Proporcionalmente, o maior salto de Tarcísio aconteceu em Santópolis do Aguapeí, na região de Araçatuba, onde Garcia tinha vencido. O ex-ministro obteve 62,58% das preferências na cidade, depois de ter ficado em segundo lugar na primeira rodada, com 28,87%.
Já o maior crescimento de Haddad foi em Trabiju, nos arredores de Araraquara, outra cidade faturada pelo tucano no primeiro turno. O petista também havia ficado em segundo e subiu de 22,50% para 53,72% no município.
Essa vitória de Haddad, porém, foi uma exceção. Com o apoio de Garcia, Tarcísio conseguiu absorver a maioria dos eleitores do tucano e triunfar em 45 das 52 cidades conquistadas pelo atual governador no primeiro turno. Haddad levou apenas sete.
Já nas duas cidades que haviam dado a vitória no primeiro turno para Elvis Cezar (PDT), cada um dos finalistas venceu em uma. Tarcísio levou a melhor em Santana de Parnaíba, e Haddad, em Pirapora do Bom Jesus, ambas na região metropolitana.
Considerando apenas as posições de Tarcísio e Haddad no primeiro turno, o governador eleito conseguiu o maior número de viradas. Ele reverteu o melhor desempenho do petista em 28 cidades e foi derrotado pelo rival em apenas um município onde havia se saído melhor na primeira parte da disputa: São José do Barreiro, no Vale do Paraíba.
No saldo final do segundo turno, Tarcísio foi o mais votado em 566 municípios paulistas, enquanto Haddad venceu em 79. No primeiro turno, triunfaram em 500 e 91 cidades, respectivamente.
A vitória do ex-ministro mostra a força do antipetismo em São Paulo, sobretudo no interior. A candidatura de Tarcísio foi bancada pelo presidente da República e postulante derrotado à reeleição Jair Bolsonaro a despeito de o apadrinhado ter nascido no Rio de Janeiro e vivido em Brasília até o início da corrida eleitoral.
Em São José dos Campos, para onde transferiu seu domicílio eleitoral, o ex-ministro venceu a disputa nos dois turnos, primeiro com 53,45% dos votos válidos e, depois, com 63,46%.
No primeiro turno, Tarcísio viralizou nas redes sociais por uma entrevista em que não soube informar qual era o seu local de votação na cidade. Como mostrou a Folha de S.Paulo, ele não morava no endereço indicado como sua residência.
Apesar da derrota inédita na disputa pela reeleição nacional, Bolsonaro confirmou sua influência em São Paulo, com uma vantagem similar à obtida por Tarcísio no pleito estadual. No segundo turno, o presidente obteve 55,24% dos votos paulistas.
Já na capital, tanto Haddad quanto Lula saíram vitoriosos. O resultado foi considerado simbólico para os petistas, em contraste à terceira derrota consecutiva de Haddad nas urnas -tinha perdido a prefeitura para João Doria (PSDB) em 2016 e a Presidência para Bolsonaro em 2018.
Derrotado na capital paulista no pleito nacional de quatro anos atrás, o candidato petista ao governo se redimiu e venceu os dois turnos deste ano na cidade, com 44,38% e 54,41% dos votos válidos para governador, respectivamente.
Lula, por sua vez, obteve na capital paulista 47,54% dos votos no primeiro turno e 53,54% no segundo.
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