SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, será anunciado como secretário de Governo da gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.
A indicação marca a volta formal do cacique a um posto no Executivo desde passou quase dois anos licenciado da Casa Civil do ex-governador João Doria (PSD), cargo que não chegou a ocupar.
Ela consolida Kassab como o principal articulador político de Tarcísio, um neófito na política sacado do Ministério da Infraestrutura de Jair Bolsonaro (PL) para ser o candidato do presidente no principal colégio eleitoral do país.
Tarcísio logrou ocupar o espaço no centro político e desalojou o governador Rodrigo Garcia (PSDB), ex-vice de Doria, da disputa do segundo turno. Ele ultrapassou todos os rivais e, na segunda rodada, bateu Fernando Haddad (PT) com 55,2% dos votos.
Toda a montagem do arcabouço político entre prefeitos do estado coube a Kassab, que havia apostado em Tarcísio quando viu sua ideia de trazer Geraldo Alckmin para disputar o Bandeirantes pelo PSD fracassar: o ex-governador tucano agora é do PSB e vice-presidente eleito na chapa de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Indicou o vice-governador eleitor, Felício Ramuth (PSD), e agora cristaliza sua ascendência sobre a gestão estadual. Kassab é um dos mais experientes quadros políticos do país, com passagem pelo Legislativo e pelo Executivo. Foi vice-prefeito de José Serra (PSDB) em São Paulo (2006) e titular da capital de 2006 a 2012. Ocupou ministérios nos governos Dilma Rousseff (PT) e Michel Temer (MDB).
No governo Bolsonaro, manteve o PSD numa distância regulamentar, apoiando pontualmente ações congressuais. Em entrevista à Folha após as eleições, ele afirmou que sua ideia agora era tornar a sigla uma referência na centro-direita e listou suas condições para apoiar o governo Lula, do qual acabou fazendo parte da transição.
Para Kassab, contudo, voltar a Brasília faz menos sentido do que focar em São Paulo. Tarcísio, mesmo não sendo ainda do PSD, está sob sua órbita política, e não há joia da coroa mais vistosa no país do que o governo paulista.
Na entrevista, Kassab disse que não precisaria ser necessariamente um secretário de estado para ajudar seu aliado, e lembrou que tem outros ativos importantes pelo país, como o governo do Paraná ou a Prefeitura do Rio.
Na composição interna, contudo, o cacique terá a função de equilibrar as demandas de grupos bolsonaristas desalojados do poder em Brasília, dos ocupantes da máquina estadual durante quase três décadas de governos do PSDB e dos aliados técnicos de Tarcísio --a estratégica Casa Civil ficará com um deles.
Nem Kassab, nem Tarcísio foram localizados para comentar o cenário.
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