BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Os ruralistas mais cotados para o Ministério da Agricultura são aliados do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desde a campanha eleitoral, mas se diferenciam pelos padrinhos políticos.
O deputado federal Neri Geller (PP-MT) é ex-ministro de Dilma Rousseff (PT), que tem se empenhado para emplacar o nome dele.
O outro é o senador Carlos Fávaro (PSD-MT). Ele tem sido apresentado como cota do PSD, de Gilberto Kassab, para a sigla aderir à base de Lula. Kassab também é ex-ministro de Dilma -e será secretário de Governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.
Geller, segundo pessoas próximas a Lula, despontava na corrida pela vaga por causa de um entrave à nomeação de Fávaro: o perfil de sua suplente, a empresária Margareth Buzetti, que apoiou a reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL). Aliados do senador, porém, têm atuado para resolver esse impasse e fortalecer Fávaro na disputa.
A situação da suplente é de conhecimento do padrinho político de Fávaro, o produtor de soja Blairo Maggi, ex-governador de Mato Grosso, ex-ministro de Michel Temer e que faz parte do grupo do agronegócio que apoiou Lula desde a campanha.
O próprio Maggi chegou a ser especulado para alguma pasta no futuro governo petista. É ele que comanda a articulação para resolver a situação de Margareth. Os dois se reuniram na casa do empresário, no Lago Manso (MT), quando foi sugerido que ela deixasse o PP e se filiasse a uma sigla aliada a Lula, mantendo-se assim na base do governo e liberando Fávaro para assumir alguma pasta no Executivo.
Caso Fávaro se licencie para ocupar uma vaga na Esplanada dos Ministérios, quem assume sua cadeira no Congresso é a suplente.
A ideia é que Margareth se filie ao PSD ou à União Brasil. Os dois partidos negociam uma aliança política com Lula.
A proposta dos petistas é que essas siglas formem um bloco no Congresso com o PT. Essa junção de legendas em um bloco governista tenderia a deixar Margareth alinhada com os interesses do novo governo no Congresso.
Fávaro e Geller se alinharam a Lula e se colocaram como interlocutores do petista com o agronegócio -setor majoritariamente ligado ao bolsonarismo. No caso de Geller, a ex-presidente Dilma tem atuado para que ele seja conduzido ao ministério de Lula.
O parlamentar teve o mandato cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em agosto. Ele diz acreditar que conseguirá derrubar a condenação e afirma que a reversão de sua situação é fundamental para que assuma um posto de destaque no próximo governo.
Petistas têm acompanhado o andamento do processo. Enquanto o caso não é encerrado, Dilma tem falado com Lula sobre as realizações de Geller quando ele esteve à frente do Ministério da Agricultura.
Em outubro de 2014, quando Geller comandava a pasta, o Brasil fechou acordo com os EUA para encerrar o contencioso do algodão iniciado em 2002, na OMC (Organização Mundial do Comércio), na qual o Brasil saiu vitorioso ao questionar os subsídios dos Estados Unidos a seus produtores de algodão.
Aliados de Lula dizem que a escolha para o ministério terá que considerar a composição da base para o novo governo --o que favorece Fávaro.
Outros ruralistas tentam se colocar na disputa pela vaga. É o caso do ex-deputado Nilson Leitão, consultor da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) e presidente do IPA (Instituto Pensar Agro), órgão que assessora a bancada ruralista no Congresso.
Leitão é acusado por ex-dirigentes do IPA de manobrar para permanecer no cargo após uma mudança no estatuto do instituto. Isso foi criticado por aliados de Lula no setor. Segundo eles, Leitão argumentou que sua reeleição era importante para "o PT não tomar conta do IPA".
Além disso, o histórico de Leitão joga contra ele. A cúpula da CNA fez ataques a Lula na campanha eleitoral e o próprio ex-deputado defendeu Bolsonaro na corrida presidencial.
Para permanecer à frente do IPA, ele se alinhou à Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), que financiou manifestações a favor de Bolsonaro e com ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal). A eleição no instituto é em janeiro, com posse do novo presidente até 1º de fevereiro.
A senadora Kátia Abreu (PP-TO) também aparece na lista de possíveis indicados à pasta. Ela é próxima de Dilma. No entanto, petistas dizem que há mais chance de a senadora ser nomeada para alguma embaixada do Brasil no exterior.
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