BRASÍLIA, DF (UOL/FOLHAPRESS) - A determinação da prisão temporária do pastor evangélico e líder indígena José Acácio Serere Xavante, 42, conhecido como Cacique Tserere, provocou uma série de ataques bolsonaristas que resultou em queima de carros, vandalismo em ônibus e tentativa de invasão à sede da PF (Polícia Federal), em Brasília.
Nascido em Mato Grosso, o apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) é sócio do Instituto de Promoção Educacional e Social do Araguaia e da Associação Indígena Bruno Omore Dumhiwe, além de fundador da Missão Tsihorira & Pahoriware - Mitsipe.
O líder indígena se destacou pelo ativismo a favor de Bolsonaro e por organizar atos contra a vitória do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com ataques contra ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
"Lula não foi eleito, TSE roubou os votos para Lula, houve crime eleitoral, violaram a urna de votação. O ministro Alexandre de Moraes é bandido e ladrão", escreveu o bolsonarista em suas redes sociais em novembro deste ano.
De acordo com a PF, o cacique teria realizado manifestações de cunho antidemocrático em diversos locais da capital federal, como em frente ao Congresso Nacional e ao hotel onde estão hospedados Lula e o vice eleito, Geraldo Alckmin.
No início deste mês, um grupo ligado a Tserere invadiu a área de embarque do Aeroporto Internacional de Brasília, onde discursou e entoou palavras de ordem contra ministros do STF e Lula. "Se precisar, a gente acampa, mas o ladrão não sobe a rampa", afirmaram.
Procurada pela reportagem, a assessoria de comunicação de Lula afirmou desconhecer a realização dos atos e disse que não se manifestaria.
O ato no aeroporto ocorreu um dia depois de um grupo de indígenas, capitaneado pelo cacique, se reunir em frente ao Congresso Nacional, pedir transparência no processo eleitoral e questionar decisões do Poder Judiciário.
Tserere foi alvo de um mandado de prisão temporária decretado pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Eleitoral), na noite desta segunda (12). Ele é acusado por suposta prática de condutas ilícitas em atos com pautas antidemocráticas, mediante a ameaça de agressão e perseguição do presidente eleito Lula.
A decisão de Moraes atende pedido da PGR (Procuradoria-Geral da República).
A mulher do indígena contestou a decisão. "Ele foi levado brutalmente pela PF, na frente dos meus filhos. Peço ajuda de advogados para tirá-lo da cadeia. Ele deu a vida dele pela pátria. Quero meu marido de volta", afirmou.
Ao examinar o pedido da PGR, o ministro do STF ressaltou que as condutas do investigado, amplamente noticiadas na imprensa e divulgadas nas redes sociais, se revestem de "agudo grau de gravidade" e indicam que Serere Xavante convocou expressamente pessoas armadas para impedir a diplomação dos eleitos.
"A restrição da liberdade do investigado, com a decretação da prisão temporária, é a única medida capaz de garantir a higidez da investigação", afirmou.
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