TOULOUSE, FRANÇA (FOLHAPRESS) - Os edifícios sede dos Três Poderes em Brasília ainda não haviam sido totalmente retomados pelas forças de segurança, na tarde do último domingo (8), quando surgiram perfis em redes sociais com ações colaborativas para identificar manifestantes golpistas que participaram das invasões.
Na esteira dessa iniciativas, Ministérios Públicos do Pará e do Distrito Federal, além de o próprio MJ (Ministério da Justiça), criaram canais de denúncia de pessoas que participaram dos atos antidemocráticos de vandalismo. O MJ divulgou o e-mail denuncia@mj.gov.br para que cidadãos possam passar informações sobre pessoas que participaram dos ataques extremistas.
Antes disso, o perfil Contragolpe Brasil, no Instagram, com mais de 800 mil seguidores, havia reunido imagens de 160 pessoas supostamente presentes aos atos de vandalismo que receberam milhares de comentários na busca por identificá-las. Entre as pessoas identificadas estariam manifestantes golpistas de diversas regiões do país.
Por volta de 22h do domingo, o perfil teve suas funções limitadas pela rede social, segundo seus criadores, que postaram pedido para que fossem reabilitadas as funções de novas postagens e de resposta às mensagens diretas. Desde então, o perfil está parado.
Procurada, a Meta, empresa detentora do Instagram, não respondeu até a publicação deste texto.
No Twitter, o influencer Felipe Neto também transformou seu perfil em um compilado de vídeos e imagens que possam permitir a identificação das pessoas que ajudaram a vandalizar o patrimônio público.
"Poste aqui nesse tweet TODOS os prints possíveis que mostrem o rosto de envolvidos na invasão terrorista do Congresso Nacional. Só responder aqui e anexar a imagem. Bora criar uma listinha pra facilitar os trabalhos", escreveu Neto, em postagem teve mais de 8 milhões de visualizações.
O perfil Fuxico Gospel, que dá notícias sobre artistas e celebridades do mundo evangélico, entrou no movimento e passou a postar imagens de pastores e cantores gospel que estariam presentes nas invasões dos prédios públicos, marcando autoridades como o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes e o ministro da Justiça Flávio Dino.
O perfil também mostrou vídeos de grupos de manifestantes golpistas evangélicos cantando o hino da harpa cristã no plenário do Senado Federal ou rezando, deitados no chão, logo acima da rampa do Palácio do Planalto.
Iniciativas a sociedade civil e de órgãos de imprensa também emergiram nessa mesma onda. O Monitor de debate político no meio digital, grupo de estudos ligado à Universidade de São Paulo (USP), fez uma varredura no Twitter e baixou mais de 8.000 vídeos que serão reunidos e oferecidos às autoridades que estão investigando os ataques.
"Pegamos vídeos que documentavam a invasão no Twitter e no Telegram, de onde baixamos imagens de cerca de 120 grupos. Formamos um banco de dados muito grande que está sendo tratado", explica Pablo Ortellado, coordenador do Monitor.
A Agência Lupa, dedicada à checagem de informações, também está criando um banco de dados de postagens antidemocráticas em texto, imagem e vídeo que podem ser enviadas anonimamente e que serão reunidas, mapeadas e avaliadas para que aquelas relacionadas com a convocatória para os ataques ocorridos no domingo em Brasília.
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