BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governador afastado do Distrito Federal Ibaneis Rocha (MDB) presta depoimento na manhã desta sexta (13) na Polícia Federal no âmbito da investigação aberta sobre as falhas de segurança durante os ataques golpistas do domingo (8).

Ibaneis foi afastado por 90 dias do cargo por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal.

Na decisão, o ministro lista os motivos do afastamento. Entre eles, a "omissão e conivência" do governador com os atos golpistas que resultou na "ausência do necessário policiamento" da Polícia Militar do DF, a autorização para a entrada de ônibus de manifestantes em Brasília e a "total inércia no encerramento do acampamento criminoso na frente do QG do Exército".

Ainda no domingo, Ibaneis gravou um vídeo para pedir desculpas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelos atos golpistas, disse que estava monitorando a situação e que os manifestantes são "verdadeiros vândalos, verdadeiros terroristas".

"Quero me dirigir primeiramente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir desculpas pelo que aconteceu hoje na nossa cidade, à presidente do STF [Rosa Weber], a meu querido amigo Arthur Lira [presidente da Câmara], meu amigo Rodrigo Pacheco [presidente do Senado]", disse.

Na quarta (11), a defesa de Ibaneis encaminhou um memorial ao ministro Alexandre de Moraes e se colocou à disposição do ministro.

No documento, os advogados do governador afastado afirmam que o plano de ações de segurança pública para o domingo (8) foi sabotado, e que isso permitiu a invasão de golpistas às sedes dos três Poderes.

Segundo um memorial, havia um "protocolo de ações integradas, previamente elaborado com a finalidade de promover ações de segurança pública", e Ibaneis "confiou na sua execução, ainda com mais razão quando obteve informações de que tudo transcorria de maneira absolutamente tranquila e pacífica".

Além de Ibaneis, a apuração mira Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Jair Bolsonaro, que ocupava o cargo de secretário de segurança do DF no domingo (8) ?ele foi afastado por Ibaneis logo após as invasões dos prédios do Congresso, Palácio do Planalto e STF.

Torres teve a prisão decretada por Moraes, mas ainda não foi detido por que está em viagem nos Estados Unidos.

Como revelou a Folha de S.Paulo, durante busca e apreensão realizada na casa de Torres, a PF encontrou uma minuta de decreto para o então presidente Jair Bolsonaro (PL) instaurar estado de defesa na sede do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O objetivo era reverter o resultado da eleição, em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor.

O decreto ainda pretendia a criação de uma comissão controlada pelo governo para apurar a "conformidade e legalidade do processo eleitoral" e estabelecia as quebras dos "sigilos de correspondência e de comunicação telemática e telefônica" dos membros do TSE.

Em postagem em suas redes sociais, Torres se defendeu após a divulgação do documento encontrado no armário de sua residência e disse que a minuta foi "vazada fora de contexto" e ajuda a "alimentar narrativas falaciosas".

"No cargo de ministro da Justiça, nos deparamos com audiências, sugestões e propostas dos mais diversos tipos. Cabe a quem ocupa tal posição o discernimento de entender o que efetivamente contribui para o Brasil. Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado. Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP [Ministério de Justiça e Segurança Pública]", escreveu Torres no Twitter.


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