RIO DE JANEIRO, RJ (UOL-FOLHAPRESS) - Carlos Bolsonaro aproveitou diárias de hotel pagas com cartão corporativo da Presidência da República para trabalhar em home office em Brasília durante a pandemia.
Foram ao todo 11 diárias em março de 2021 que custaram R$ 2.300 aos cofres públicos. Neste mesmo período, enquanto atuava de maneira remota na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, o filho 02 de Jair Bolsonaro foi às redes sociais criticar o isolamento social contra o coronavírus.
HOSPEDAGEM COM DINHEIRO PÚBLICO
Nota fiscal paga com cartão corporativo da Presidência da República mostra que Carlos se hospedou no Hotel Nobile Suítes Monumental, em Brasília, entre 12 e 22 de março de 2021.
Na nota fiscal, divulgada pela agência Fiquem Sabendo e publicada pelo jornal "O Estado de S.Paulo", o gasto é justificado como "hospedagem de segurança de familiar do presidente".
Carlos Bolsonaro não tinha cargo formal no governo, mas era figura frequente em reuniões e eventos do governo federal. Ele recebe atualmente salário líquido de R$ 14 mil na Câmara do Rio.
Além dos dados do cartão corporativo, Jair Bolsonaro colocou sob sigilo as visitas de Carlos ao Palácio do Planalto.
AUSÉNCIA EM METADE DAS VOTAÇÕES NA CÂMARA
No mesmo dia em que usou as redes sociais para atacar o "fique em casa" ?medida recomendada à época por autoridades em saúde pública?, o vereador participou de maneira remota de duas sessões da Câmara em 18 de março de 2021.
Na ocasião, outros colegas ?sobretudo os mais jovens, como ele? participaram presencialmente dos trabalhos na Câmara, onde as sessões ocorriam de forma híbrida (presencial e remota).
Na sessão ordinária realizada naquela data, Carlos registrou presença, mas só participou de uma das duas votações realizadas. Na outra, não se manifestou.
Já em uma sessão extraordinária não houve votações nominais, de acordo com as atas divulgadas pelo Legislativo carioca.
Carlos também participou de maneira remota de outras três sessões realizadas durante seu período de hospedagem em Brasília.
Apenas em uma delas, em 16 de março, houve votações nominais e, de novo, Carlos só tomou parte de metade: votou favoravelmente a um projeto de lei, mas não tomou parte na segunda votação de matérias do dia.
Em dezembro daquele mesmo ano, Carlos registrou presença em sessão da Câmara Municipal, mas foi flagrado em Brasília acompanhando a gravação de um vídeo no gabinete de seu pai.
CÂMARA MUDOU REGRA PARA ENQUADRAR CARLOS
Ao longo do período em que as sessões ocorreram de maneira híbrida na Câmara do Rio, Carlos sempre optava por participar remotamente, com a câmera do dispositivo que utilizava fechada e sem participar dos debates.
Por pressão de vereadores do PSOL, a Mesa Diretora da Câmara publicou em 9 de março de 2022 uma resolução contra as práticas de Carlos.
A regra recomenda que os vereadores estejam sempre com a câmera em funcionamento e torna isso obrigatório caso façam qualquer intervenção oral nas sessões, como discursos, apartes e questões de ordem. Atualmente, as sessões extraordinárias e audiências públicas ainda têm regime híbrido.
Para ironizar a medida, Carlos participou da sessão de 23 de março com a câmera direcionada a um banner com sua foto. Assim que ele entrou na transmissão, uma pessoa, que não aparece nas imagens, pendurou o cartaz na parede.
O UOL não localizou o vereador Carlos Bolsonaro. O espaço segue aberto para eventual manifestação.
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