BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O líder do PL no Senado, Carlos Portinho (RJ), promete que partidos de esquerda, como o PT, terão espaços na Mesa Diretora e em comissões de destaque caso Rogério Marinho (PL-RN) vença a disputa pela presidência da Casa.

"A gente quer que na Mesa todos os partidos tenham representatividade, inclusive a esquerda, porque é isso que a gente quer: recuperar a harmonia e o respeito do Senado Federal. Se a gente quer isso, e o equilíbrio dos Poderes, a gente tem que começar internamente. Isso não é demagogia, é fato", sustenta.

Dessa maneira, o PSD de Rodrigo Pacheco (MG), adversário Marinho, também seria contemplado, garante Portinho.

Tradicionalmente, os espaços são definidos por acordo respeitando o tamanho das bancadas --as maiores têm preferência de escolha.

Na eleição de Davi Alcolumbre (União-AP), no entanto, após uma disputa acirrada com Renan Calheiros (MDB-AL), a regra foi quebrada em decorrência das fissuras deixadas pelo embate. Mesmo na escolha de Rodrigo Pacheco em 2021, já mais consensual, houve divergências e para alguns cargos foi preciso levar a decisão ao voto.

Agora, Pacheco, tido ainda como o favorito, tem dito que não deixará o PL completamente sem espaço, mas a legenda terá de concorrer no voto pelos postos de menor destaque. Os aliados do mineiro apontam como um dos principais fatores a campanha agressiva de Marinho, com apoio de um exército digital nas redes sociais.

Ainda apontado como azarão, o senador pelo Rio Grande do Norte tem defendido a proporcionalidade. Seus interlocutores afirmam se tratar, também, de uma questão de sobrevivência: caso se eleja, precisará conquistar o apoio de partidos da base de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ter capacidade de articulação interna.

Portinho defende ainda que o Senado discuta uma forma de garantir no regimento interno que a proporcionalidade seja respeitada todos os anos. "Vamos discutir com os senadores qual é o melhor caminho para que no regimento isso esteja garantido e a gente possa, nas eleições futuras, preservar a harmonia e afastar essas disputas. Deixa elas para dentro dos partidos para a indicação dos nomes, mas preservando assim, o Senado."

Como mostrou a coluna Painel, da Folha de S.Paulo, as negociações de Rodrigo Pacheco por sua reeleição já passam pela distribuição de cargos e das presidências das comissões. Davi Alcolumbre, por exemplo, deve comandar novamente a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A de Assuntos Econômicos deve ficar com o PSD, e a de Relações Exteriores com o MDB, provavelmente, Renan Calheiros.


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