SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Recém-empossado na direção do Instituto Millenium, o cientista político Diogo Costa afirma que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) representa uma oportunidade para o liberalismo se renovar no país.

O instituto, que teve o ex-ministro da Fazenda Paulo Guedes como um de seus fundadores, em 2005, é um dos mais influentes na direita liberal brasileira, que prega a redução do peso do Estado.

"Há uma geração de think tanks surgindo pelo mundo que dão uma nova cara ao liberalismo", diz Costa, que no governo de Jair Bolsonaro foi diretor da Enap (Escola Nacional de Administração Pública), vinculada à pasta de Guedes.

De forma geral, os liberais dão mais peso à questão econômica, mas Costa quer explorar novas áreas, Entre elas, questões urbanas e os impedimentos existentes para se realizar grandes obras.

"Existe um debate sobre uso do solo, adensamento e construções mistas, que unam moradia e serviços". O viés pró-construção dos liberais está presente em reações aos movimentos "nimby", sigla em inglês para "não no meu quintal", de moradores que não aceitam viver perto de novos empreendimentos imobiliários ou projetos de infraestrutura.

O Millenium está se reestruturando, com a busca por novos conselheiros e especialistas e uma nova sede em São Paulo. Segundo Costa, o fato de o Brasil agora ter um governo de esquerda apresenta novos desafios, mas também tem vantagens.

"Antes os liberais passavam 70% do tempo explicando que não eram bolsonaristas. Agora isso não é mais necessário", diz.

Além disso, acrescenta, historicamente movimentos de oposição têm mais "vigor intelectual" do que governistas. "Para nós, é uma oportunidade de aprofundar o debate de ideias", diz.


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