BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Exército oficializou nesta quinta-feira (16) a troca do general Gustavo Dutra do Comando Militar do Planalto (CMP), que liderou tropas em 8 de janeiro, data dos ataques golpistas às sedes dos três Poderes, em Brasília.

Dutra assumirá a 5ª Subchefia do Estado-Maior do Exército, responsável por missões de paz e relações internacionais da Força. O general Ricardo Piai Carmona comandará o CMP.

A movimentação ocorre após reunião do Alto Comando, em que foram decididas 76 promoções e trocas de postos de oficiais-generais. Todos os comandos militares de área, com exceção do Comando Militar do Leste, foram trocados.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a saída de Dutra já estava prevista desde antes dos episódios de ataques antidemocráticos. Ele estava próximo de concluir um ano já no cargo, e a sua saída havia sido acordada com a alta cúpula da Força.

Mas a troca também ocorre em meio a críticas à atuação do BGP (Batalhão da Guarda Presidencial) no Palácio do Planalto, no dia 8 de janeiro. Foi aberto, inclusive, um inquérito policial militar para apurar a atuação do batalhão no episódio.

Os ataques às sedes dos três Poderes levaram a uma crise do governo federal e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os militares e culminou na demissão do comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda.

O comandante militar do Sudeste (responsável por São Paulo), general Tomás Miguel Miné Ribeiro Paiva, foi promovido a comandante do Exército, em 21 de janeiro.

No final de janeiro, também houve a troca do comandante do BGP. O tenente-coronel Jorge Paulo Fernandes da Hora já deixou a função no final de janeiro e será realocado para cargo no Estado-Maior do Comando Militar do Planalto.

A mudança ocorre enquanto a conduta de Fernandes durante os ataques às sedes dos Poderes é investigada por um IPM (Inquérito Policial-Militar) do Exército.

No lugar dele, assume o comando do BGP o tenente-coronel Nélio Moura Bertolino, militar da arma de infantaria e formado na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1999.

Apesar das pressões para que Fernandes deixasse o cargo de comando, a mudança já estava prevista desde maio de 2022, segundo documentos internos obtidos pela Folha de S.Paulo.

Na época dos ataques golpistas, havia um acampamento de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inconformados com o resultado eleitoral, em frente ao quartel-general do Exército em Brasília.

A dissolução do acampamento gerou divergência entre integrantes do governo Lula: uma ala defendia que os protestantes fossem retirados de pronto, enquanto outra dizia que a desmobilização seria paulatina.

Uma das polêmicas do episódio dizia respeito ao desmonte do acampamento golpista em 8 de janeiro. A operação ocorreu apenas no dia seguinte, mas teve o aval do presidente Lula.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, a anuência presidencial foi dada após integrantes da Força afirmarem ao presidente que a operação para o desmonte do acampamento feito pela Polícia Militar durante a noite dos ataques, sem planejamento prévio, poderia resultar em conflito e mortes.

Auxiliares de Lula afirmaram que o presidente queria que os bolsonaristas fossem presos ainda durante a noite, mas concordou com o adiamento diante do risco de um cenário parecido ao descrito pelos militares.

TROCAS NO EXÉRCITO

Veja como ficaram as trocas nos comandantes militares de área do Exército:

Planalto - Ricardo Piai Carmona no lugar de Gustavo Henrique Dutra de Menezes

Comando Militar do Norte - Guilherme Cabral Pinheiro no lugar de Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves

Comando Militar do Nordeste - Kleber Nunes de Vasconcellos no lugar de Richard Fernandez Nunes

Comando Militar do Sul - Hertz Pires do Nascimento no lugar de Fernando José Sant'Ana Soares e Silva

Comando Militar do Oeste - Luiz Fernando Estorilho Baganha no lugar de Anísio David de Oliveira Junior

Comando Militar do Sudeste - Guido Amin Naves no lugar de Tomás Miguel Ribeiro Paiva*

Comando Militar da Amazônia - Ricardo Augusto Ferreira Costa Neves no lugar de Achilles Furlan Neto

* Já havia deixado o posto para assumir o Comando do Exército.


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