BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou a receber informações sobre a repercussão nas redes sociais de atos do governo em reuniões diárias no Palácio do Planalto. Em seu primeiro mês e meio no governo, Lula também tem priorizado agendas com ministros palacianos, com parlamentares petistas e eventos com militantes e movimentos sociais.

Lula tem iniciado os dias de trabalho em seu terceiro mandato com reuniões com os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Secretaria Especial de Comunicação Social).

Nesses encontros, os auxiliares atualizam o petista sobre os principais movimentos políticos e a repercussão de atos do governo na imprensa. Pimenta também aproveita o momento para apresentar ao mandatário um relatório sobre como determinadas ações da administração são vistas nas redes sociais.

Um assessor direto lembra que, quando Lula concluiu seu segundo mandato, o Orkut era a rede social mais utilizada no Brasil. Ao contrário de seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula não esconde sua falta de familiaridade com as redes.

Em entrevista a um influenciador durante a campanha, o apresentador pediu que o petista apresentasse ao público sua conta em uma plataforma. Lula disse que não sabia e que quem cuidava das suas redes era o fotógrafo Ricardo Stuckert.

A avaliação é que, agora, o presidente não tem mais como ignorar o impacto das redes ao analisar como seu governo tem sido avaliado pela população.

Os briefings diários com Padilha e Pimenta costumam ocorrer no Palácio do Planalto às 9h, com duração de uma ou duas horas. Ambos ministros são os que mais se encontraram com Lula, de acordo com a agenda oficial.

De acordo com auxiliares, esses encontros também são importantes para afinar o discurso do mandatário, uma vez que os ministros apontam o que deve ganhar relevância no debate público.

Outro ministro que tem grande participação na agenda de Lula é o chefe da Casa Civil, Rui Costa (PT). Ele aparece em dez reuniões com Lula. Assessores destacam, no entanto, que Lula conversa com o ex-governador da Bahia em diversos momentos ao longo do dia, por telefone e em encontros não agendados.

Também foram marca constante do início desse governo Lula atos no Planalto com movimentos sociais e militantes do PT.

Na segunda-feira (13), Lula assinou decretos de políticas públicas para catadores de lixo. Integrantes de cooperativas lotaram o segundo andar do Palácio do Planalto.

"Esse é o primeiro passo de uma caminhada muito longa que temos que fazer para que vocês sejam transformados em cidadãos e cidadãs plenas, esse é apenas o começo. Temos quatro anos para vocês cobrarem. Porque vocês sabem que não é em qualquer governo que vocês conseguirão entrar dentro do Palácio do Planalto", disse o presidente na ocasião.

"A entrada de vocês aqui significa, de uma vez por todas, que o povo brasileiro está participando da reconstrução desse país, porque ele foi desmontado", completou, em referência ao governo de seu antecessor.

Lula também já recebeu centrais sindicais, evento em que afirmou que brigava com os economistas do partido dizendo ser preciso "mudar a lógica" do Imposto de Renda, além de fazer os mais ricos pagarem mais.

Em outro momento, participou da assinatura dos decretos que criaram o Conselho de Participação Social.

O PT também domina as reuniões oficiais de Lula com parlamentares.

Dentre os congressistas que conseguem um espaço na agenda do chefe do Executivo, a expressiva maioria é do PT: a deputada e presidente do partido Gleisi Hoffmann (PR); e os deputados Rui Falcão (SP) e Carlos Zarattini (SP), por exemplo.

Lula se encontrou com lideranças dos partidos da base na reunião do Conselho Político de Coalizão, quando estiveram presentes representantes de 14 siglas. Além do próprio PT, PSB, MDB, União Brasil, PDT, Patriota, Solidariedade, PSD, PV, Cidadania, PSOL, Podemos, PC do B, Avante e Rede.

Entre os ministros, também são os petistas os que mais vezes foram recebidos por Lula. Dos 37 titulares de pasta, 25 figuram em encontros fechados com o presidente na sua agenda pública --privilégio que todos os petistas na Esplanada tiveram.

Depois de Padilha, Pimenta e Rui Costa, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, é o quarto mais recebido por Lula. Teve até o momento sete reuniões com o mandatário --só nesta última semana, foram três.

De acordo com auxiliares palacianos, as agendas trataram de salário mínimo, mudança no Imposto de Renda, meta de inflação e Bolsa Família.

O novo programa social deve ser anunciado após o Carnaval, como o próprio Lula disse recentemente. O programa social terá, além do pagamento mínimo de R$ 600 por família, um adicional de R$ 150 por criança até seis anos, uma promessa de campanha.

Os recentes encontros com o ministro da Fazenda também ocorreram na esteira de uma crise do chefe do Executivo com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.

Dentre os ministros que não tiveram agenda a portas fechadas com Lula desde o início do governo, estão o da Previdência, Carlos Lupi (PDT), o das Comunicações, Juscelino Filho (União Brasil), e a do Turismo, Daniela Carneiro (União Brasil).

Daniela e Juscelino estiveram envolvidos nas primeiras polêmicas envolvendo o primeiro escalão de Lula.

Como mostrou a Folha, ao menos R$ 42 milhões indicados por Juscelino irrigaram contratos com empreiteiras que estão no centro de suspeitas de irregularidades em obras da estatal federal Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba). Já Daniela foi apontada como tendo laços com a milícia na Baixada Fluminense, no Rio de Janeiro.


Entre na comunidade de notícias clicando aqui no Portal Acessa.com e saiba de tudo que acontece na Cidade, Região, Brasil e Mundo!