BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro Eduardo Gussem afirmou à Folha de S.Paulo que não pretende se manifestar sobre os acessos imotivados a seus dados fiscais em 2019, ano em que coordenava as investigações do caso das "rachadinhas", e que uma resposta a isso deve ser pela investigação da Receita sobre o caso.

Gussem, que se aposentou em 2021, afirmou que optou nessa nova fase da carreira a não se manifestar sobre casos em que atuou no Ministério Público.

"Meus dados na Receita e em qualquer lugar são hígidos e falam por si. A investigação interna [na Receita] deve dar melhor resposta", se limitou a dizer Gussem.

O jornal Folha de S.Paulo revelou nesta segunda-feira (27) que Ricardo Feitosa, chefe da inteligência da Receita Federal no início da gestão Jair Bolsonaro acessou e copiou dados fiscais sigilosos de Gussem e de dois políticos que haviam rompido com a família presidencial, o empresário Paulo Marinho e o ex-ministro Gustavo Bebianno.

Não havia nenhuma investigação formal na Receita que justificasse essa ação. Feitosa nega que tenha vazado dados sigilosos.

Marinho disse à coluna da jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, que foi "invadido pela 'máquina do estado' no governo de Jair Bolsonaro.

"É um uso descarado da máquina do estado contra o cidadão, que nos deixa em situação de fragilidade diante da autoridade pública", afirmou Marinho, que participou ativamente da campanha de Bolsonaro, mas que rompeu com o então presidente logo no início da gestão.

Bebianno foi o primeiro ministro demitido do governo Bolsonaro, em fevereiro de 2019, ao se tornar o centro de uma crise instalada no Palácio do Planalto depois que a Folha de S.Paulo revelou a existência de um esquema de candidaturas laranjas do PSL para desviar verba pública eleitoral.

Desde a demissão, passou a ser uma voz crítica a Bolsonaro e à interferência de seus filhos. Ele morreu em março de 2020, vítima de infarto, de acordo com a família.


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