RECIFE, PE, E SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - A Assembleia Legislativa da Bahia aprovou, nesta quarta-feira (8), a indicação de Aline Peixoto, esposa do ministro da Casa Civil, Rui Costa, para a vaga de conselheira do Tribunal de Contas dos Municípios da Bahia.

Em votação secreta, os deputados estaduais aprovaram Aline para a função por 40 votos contra 19 do outro candidato, o ex-deputado estadual Tom Araújo (União Brasil), além de 4 votos nulos. Todos os 63 deputados estaduais estavam presentes na sessão. Para ser aprovada, uma candidatura necessitava de ao menos 32 votos.

O cargo de conselheira de contas tem salário mensal de R$ 41,8 mil com aposentadoria compulsória ao completar 75 anos de idade.

A articulação em prol de Aline Peixoto contou com a participação de Rui Costa nos bastidores. A movimentação do ministro da Casa Civil em prol da sua esposa trouxe desgaste para o grupo político do PT na Bahia.

O senador Jaques Wagner (PT), padrinho político de Rui, disse publicamente que era contra a indicação. Além disso, a iniciativa gerou críticas de eleitores petistas.

O tribunal de contas dos municípios tem como função analisar as contas dos prefeitos das cidades baianas.

A Folha de S.Paulo revelou que a agora futura conselheira omitiu do currículo que ocupa cargo na Secretaria de Saúde do estado há pelo menos nove anos, incluindo os oito anos em que seu marido foi governador.

Aline Peixoto, que é enfermeira, foi nomeada no dia 5 de maio de 2014 como assessora especial da secretaria, ainda no governo de Jaques Wagner, antecessor de Rui Costa. Ela permaneceu no cargo no governo mesmo após o marido assumir o Governo da Bahia em janeiro de 2015.

No mesmo período, passou a ocupar a presidência das Voluntárias Sociais, entidade sem fins lucrativos tradicionalmente liderada pela primeira-dama do estado e que atua em parceria com o governo. Aline Peixoto também nunca disputou cargos eletivos.

A vaga para o tribunal está aberta desde maio de 2022, quando o conselheiro Raimundo Moreira se aposentou. Desde então, a Assembleia estava adiando a indicação de um novo nome. Para ocupar o cargo é preciso ter "reconhecida idoneidade moral e conhecimentos de administração pública".

No currículo enviado à Assembleia Legislativa para registrar sua candidatura à vaga de conselheira do Tribunal de Contas, Aline informou que ocupou um cargo na Secretaria de Saúde entre 2012 e 2014 e disse que, a partir de 2015, assumiu a gestão das Voluntárias Sociais.

A articulação em torno de Aline Peixoto ganhou força no final do ano passado após o deputado estadual Alex Lima (PSB), aliado próximo a Rui Costa, desistir de concorrer a vaga para apoiar a ex-primeira-dama.

Outros ministros do governo Lula também se empenharam pela indicação de suas esposas para tribunais de contas nos estados em que possuem influência política.

Na Assembleia de Alagoas, a disputa pelo cargo teve seis candidatos, mas Renata Calheiros, esposa do ministro dos Transportes, o ex-governador Renan Filho (MDB), foi eleita com folga: teve 22 votos dos 24 deputados estaduais presentes na sessão.

Com formação em administração, a ex-primeira-dama de Alagoas atuou na implantação de programas na área de educação na Prefeitura de Murici e governo do estado.

No Piauí, Rejane Dias, esposa do ministro do Desenvolvimento Social, o ex-governador Wellington Dias (PT), foi eleita por unanimidade com os votos dos 25 deputados estaduais presentes após ter sido indicada para o cargo pelo governador Rafael Fonteles (PT).

Com formação em administração, ela já foi deputada federal, deputada estadual e secretária na gestão de Wellington Dias.

O ministro da Integração Nacional, Waldez Góes, é outro nome do governo Lula que tem a esposa em um Tribunal de Contas. A indicação da então primeira-dama Marília Góes para o cargo aconteceu em fevereiro de 2022, quando Waldez ainda era governador do Amapá.


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