BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto saiu em defesa do deputado bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) após o parlamentar colocar uma peruca e fazer um discurso transfóbico no plenário da Câmara na quarta-feira (8), em ataque às mulheres trans no Dia Internacional da Mulher.
Em publicação em perfil nas redes sociais nesta sexta (10), Valdemar afirmou que Nikolas tem o apoio da direção nacional da legenda e disse que "a liberdade de expressão e suas prerrogativas parlamentares serão sempre defendidas" pelo partido.
"A liberdade de expressão e suas prerrogativas parlamentares serão defendidas pelo nosso partido sempre que ele estiver exercendo seu mandato, manifestando sua opinião. Conte conosco, Nikolas! O PL estará sempre contigo", escreveu.
Valdemar também disse que o parlamentar representa um segmento da sociedade e deve "ser respeitado por isso".
"É por isso que o deputado Nikolas tem nosso apoio e da direção nacional do PL. Ele ganhou mais de 46 mil seguidores nas últimas horas porque é franco. Ele fala em nome de um segmento da sociedade e deve ser respeitado por isso", disse.
Até a tarde desta sexta, o deputado bolsonarista tinha 2,1 milhões de seguidores no Twitter, 6,6 milhões no Instagram e 1,3 milhão no Facebook.
O presidente do partido de Jair Bolsonaro citou ainda o fato de Nikolas ter sido o deputado federal mais votado do país em 2022 e disse que isso ocorreu por "várias razões". "É uma pessoa de qualidades, que tem princípios, um jovem que defende suas convicções com paixão e sinceridade. Ele representa o eleitor que acredita nele."
No discurso transfóbico no plenário da Câmara, o deputado disse que mulheres têm perdido espaço para "homens que se sentem mulheres". "Eles estão querendo colocar uma imposição de uma realidade que não é a realidade."
Ele disse ainda que as mulheres têm perdido espaço para mulheres trans nos esportes e em concursos de beleza. "É uma pessoa que simplesmente se sente algo e impõe para você."
As falas do parlamentar foram criticadas por deputados ainda durante a sessão. O próprio presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez uma reprimenda pública contra o parlamentar, afirmou que o plenário da Casa não é "palco para exibicionismo e muito menos discursos preconceituosos" e se solidarizou com quem pudesse ter se sentido ofendido.
Além disso, um pedido de cassação do mandato de Nikolas foi protocolado no Conselho de Ética da Câmara por PSOL, PSB, PDT, Rede, PT e PC do B. O bolsonarista também se tornou alvo de duas notícias-crimes enviadas ao STF (Supremo Tribunal Federal).
Em 2019, os crimes de transfobia e homofobia foram equiparados ao crime de racismo pelo Supremo.
Como a Folha mostrou, no entanto, apesar da articulação de partidos políticos para cassar Nikolas, líderes partidários afirmam que a perda de mandato é improvável. Eles dizem que o parlamentar deve receber uma advertência, censura ou, no máximo, suspensão por sua fala.
Na quinta (9), Nikolas foi às redes se defender e afirmou que não há transfobia em sua fala. "Defendi o direito das mulheres de não perderem seu espaço nos esportes para trans -visto a diferença biológica- e de não ter um homem no banheiro feminino. Não há transfobia em minha fala. Elucidei o exemplo com uma peruca (chocante). O que passar disso é histeria e narrativa."
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