BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Acusada de incitação à violência por aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a deputada Júlia Zanatta (PL-SC) nega que a foto postada em uma rede social na qual segura uma carabina enquanto veste camiseta estampada com uma mão com quatro dedos perfurada por balas seja uma alusão ao petista.

"Está escrito Lula na camiseta? Não está, né. Não está escrito Lula. Eu acho que não é só ele que tem um dedo a menos ou dois, sei lá. Não está escrito Lula e em nenhum momento eu falei no meu texto: 'vamos atacar', 'vamos pegar em armas para fazer uma revolução'. A esquerda já falou isso uma vez. Eu nunca falei isso", diz à reportagem.

Ela disse ter ganhado a camiseta do dono do clube de tiro no qual tirou a foto. "Eu ganhei ali na hora, coloquei, e bati uma foto. Mas o meu texto em nada fala em incitação à violência."

Na postagem, a deputada escreve: "Come and take it! Não podemos baixar a guarda. Infelizmente a situação não é fácil. Com Lula no poder, deixamos um sonho de liberdade para passar para uma defesa única e exclusiva dos empregos, do pessoal que investiu no setor de armas", escreveu. "Estamos agora falando em socorrer empregos e lutar por segurança jurídica! Nesse desgoverno do PT, temos que lutar para garantir o que já está na lei. E impedir retrocessos. Contem comigo. Não desistiremos."

Segundo ela, a expressão "come and take it" é famosa entre os apoiadores de armas nos Estados Unidos. "É apenas o meu posicionamento político que eles estão tentando criminalizar."

Zanatta afirma que vai entrar com uma representação no conselho de ética contra a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, que, também em uma rede social, falou em "Comportamento nazista da deputada de SC, de apologia à violência contra @LulaOficial."

"A Gleisi me ofendeu, me chamou de nazista. É algo muito sério. Eu jamais defendi de ditaduras totalitárias, ao contrário de alguns aí, como ela, por exemplo. Então eu considero que pode ser quebra de decoro ela ter escrito aquilo sobre uma colega deputada", diz.

"O meu estado, Santa Catarina, os catarinenses têm sido acusados frequentemente de nazistas. Todo dia na minha rede social tem alguém me chamando de nazista. Então é a banalização do nazismo, inclusive, e é uma ofensa muito grave para mim."

A parlamentar afirma estar sendo ameaçada nas redes sociais por causa da postagem. "Essas coisas, na verdade, alimentam tudo aquilo que eles falam, violência contra mulher. Mas parece que nesse momento eu não sirvo como mulher."

Aliados de Lula, por sua vez, pretendem acionar a justiça contra a parlamentar. Vice-líder do governo na Câmara, o deputado Alencar Santana (PT-SP) vê na postagem da parlamentar incitação à violência. "É uma ameaça à vida do presidente da República. Então também contraria ali o código penal, especificamente a lei do estado democrático. Ao mesmo tempo, ela terá que se explicar se possui posse e porte de arma daquele calibre", afirma.

"Não dá para a gente compactuar com esse tipo de atitude que fica incitando pessoas a cometerem atentados contra a vida de alguém."


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