SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A juíza federal Gabriela Hardt, responsável pela ordem de prisão contra suspeitos de preparar um ataque contra o senador Sergio Moro (União Brasil-PR), atuou por anos ao lado do hoje congressista na 13ª Vara Federal de Curitiba.

Hardt inclusive sentenciou casos da Operação Lava Jato, incluindo o processo sobre reformas pagas por empreiteiras em um sítio frequentado pelo presidente Lula em Atibaia (SP).

Ela permanece na Vara Federal responsável pela Lava Jato, mas despachou no caso do PCC porque foi designada temporariamente para a 9ª Vara Federal de Curitiba em razão de férias de outra magistrada.

Em 2018, Lula foi interrogado por Hardt quando estava preso e chegou a se desentender com ela naquela audiência. "Se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema. Vamos começar de novo", disse ela, na ocasião.

Em fevereiro de 2019, a sentença sobre o sítio foi expedida pela juíza, condenando Lula a 12 anos e 11 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. A pena foi ampliada na segunda instância, mas o processo foi anulado desde o início em 2021 por ordem do Supremo Tribunal Federal.

Hardt assumiu temporariamente os casos da operação quando Moro pediu exoneração, no fim de 2018, para ser ministro do governo Jair Bolsonaro.

Em 2019, outro juiz tomou posse na titularidade da vara, Luiz Bonat, mas Hardt continuou despachando em inquéritos e procedimentos da operação.

Uma portaria do Tribunal Regional Federa da 4ª Região estabeleceu naquele ano que ela atuaria em auxílio a Bonat, nas etapas anteriores à apresentação de denúncias da Lava Jato e posteriores à publicação de sentença.

Ela também assumiu o comando da Vara Federal em períodos de férias e licenças, inclusive quando Moro era o titular.

Na sentença do sítio de Atibaia, ela recebeu uma série de críticas por chamar no texto, por engano, a propriedade rural de "apartamento", no que foi interpretado pela defesa de Lula como um plágio da sentença do caso tríplex, expedida pelo hoje senador em 2017.

Em uma outra parte da decisão, a juíza mencionou, como sendo duas pessoas diferentes, Léo Pinheiro e José Aldemário, sendo que Léo é o apelido do acusado, ex-presidente da empreiteira OAS.

Em documento, a juíza afirmou que esses eram simples "erros materiais" e justificou pelo "excesso de volume de trabalho durante o período de elaboração da sentença".

Os juízes da segunda instância rejeitaram anular o caso com base nesses pontos.

Nesta quinta-feira (23), o presidente Lula disse que a operação da PF para desarticular o ataque é "mais uma armação do Moro". "Vou pesquisar, vou saber o porquê da sentença. Até fiquei sabendo que a juíza não estava nem em atividade quando deu o parecer para ele. Mas isso a gente vai esperar", afirmou o petista.


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