BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) afirmou à Folha de S.Paulo que o governo "não age por impulso" e que a situação da ministra Daniela Carneiro (Turismo), que pediu ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) desfiliação da União Brasil, será analisada pelo Palácio do Planalto "com a calma necessária".
"Vamos analisar com a calma necessária, não ter da nossa parte qualquer medida precipitada", diz o ministro, que destacou ainda o apreço que o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) possui por Daniela.
"Esse governo não age por impulso, [ele] analisa a situação. A Daniela Carneiro é uma ministra que tem um apreço muito importante do presidente Lula. Sempre vamos avaliar os ministros pela capacidade técnica de coordenar uma política pública combinada pela capacidade política de agregar aliados, de dialogar com os partidos, com o Congresso Nacional", disse Padilha.
Ele declarou ainda que o governo não irá se envolver com problemas partidários de qualquer legenda e que o Planalto já tinha a informação de que o prefeito de Belford Roxo (RJ), Waguinho, casado com Daniela, poderia deixar a União Brasil por divergências no estado.
"Vamos analisar com calma como está essa situação, que é um problema criado por uma situação do então presidente estadual da União Brasil no Rio de Janeiro com a sua direção. Não vamos intervir ou nos envolver nos problemas partidários de qualquer partido, seja uma direção estadual ou nacional", afirmou Padilha.
O Palácio do Planalto decidiu adotar o tom de cautela diante do movimento de ala da União Brasil para rifar a ministra.
Daniela já era alvo de fogo amigo de integrantes da União Brasil que tentam ocupar a pasta. Agora, a crise interna do partido elevou a pressão sobre ela. Dentro do governo, a avaliação é que a ministra fica fragilizada, mas ainda há disposição em mantê-la no posto, principalmente pela proximidade com Lula.
Uma ala da União Brasil se movimenta para reivindicar a vaga de Daniela. O argumento é que o ministério do Turismo deve ficar com um nome do partido. Nessa disputa está o presidente da legenda, deputado Luciano Bivar (PE), que articula para conseguir uma vaga na Esplanada.
Aliados de Bivar dizem que, se ele for escolhido, poderia garantir mais votos da União Brasil para o governo na Câmara.
Segundo o líder da legenda na Casa, Elmar Nascimento (BA), entre 30 e 35 deputados da bancada, que conta com 59 membros, estão atualmente alinhados ao governo.
A ministra e outros cindo deputados da União Brasil no Rio pediram para o TSE declarar que há justa causa para a desfiliação partidária, para que eles não recebam punições como a perda dos mandatos na Câmara. Eles pedem ainda que o tempo de TV e o fundo partidário sejam transferidos aos novos partidos dos parlamentares.
Na noite desta segunda-feira (10), Waguinho publicou nas redes sociais uma mensagem anunciando sua filiação ao Republicanos, onde comandará o diretório fluminense. O partido, ex-aliado de Jair Bolsonaro (PL) na eleição de 2022, tem se aproximado do atual governo.
Daniela também negocia a filiação à sigla, que tem recebido cargos de segundo e terceiro escalão no governo.
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