RIO DE JANEIRO, RJ, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Raul Araújo determinou que a PF investigue informações trazidas por um delator que apontou suposto recebimento de propina pelo governador do Rio, Cláudio Castro (PL), enquanto era vereador e vice-governador.

A decisão dá um prazo de três meses para que a Polícia Federal apure as acusações de corrupção levantadas por Marcus Vinícius Azevedo da Silva --empresário e ex-assessor de Castro. O pedido partiu da PGR (Procuradoria Geral da República).

As suspeitas são dos crimes de fraude em licitações, organização criminosa, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e peculato (desvio de dinheiro público).

No depoimento, prestado ao Ministério Público do Rio em julho de 2022 e noticiado pelo UOL em setembro, Marcus Vinícius diz que Castro recebeu propina no exterior --US$ 20 mil em uma viagem com a família a Orlando, na Flórida, onde ficam parques da Disney.

O ex-assessor corroborou afirmações de outro delator de que Castro, na época em que era vice-governador, recebeu dentro de uma mochila propina de um empresário que tinha contrato com o estado.

Agora caberá à PF investigar se há provas que corroboram os relatos feitos pelo delator.

Por meio de nota enviada por sua assessoria de imprensa, Castro afirmou que "lamenta que fatos antigos sejam requentados". "Reitera que confia na Justiça, para que a situação seja esclarecida o mais rápido possível. O delator foi interpelado judicialmente por calúnia e denunciação caluniosa e a defesa do governador já entrou com um pedido de nulidade da delação devido a irregularidades na denúncia", disse.

O governador afirmou ainda que "não está sendo denunciado, nem indiciado, já que o Ministério Público não encontrou nenhum elemento capaz de vincular a ele qualquer irregularidade".

Marcus Vinícius foi dono de uma das empresas investigadas na Operação Catarata, do MP-RJ, por desvio de recursos públicos de projetos sociais da prefeitura da capital e do governo estadual.

O empresário chegou a trabalhar por alguns meses no gabinete de Cláudio Castro, em sua passagem como vereador da Câmara do Rio.

Marcus Vinícius chegou a ser preso em 2019 e foi denunciado à Justiça pelo MP-RJ acusado de integrar organização criminosa e de fraude em licitação. Em troca de perdão judicial, assinou um primeiro acordo de colaboração premiada em 2020 com a PGR, cujo teor continua em sigilo.

Neste ano, o MP-RJ aderiu a esse acordo e, em julho, colheu o depoimento do empresário, que foi enviado ao STJ, após o governador ter sido citado.

Tanto à PGR quanto ao MP-RJ, o delator enviou elementos para corroborar seus depoimentos, como caderno de anotações, celular e computador, que agora devem ser analisados pela PF.


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