SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), diz preferir não se pronunciar a respeito das acusações feitas pelo atual chefe interino do órgão, Ricardo Cappelli, de que estaria envolvido nos atos golpistas ocorridos em 8 de janeiro, em Brasília.

Ele sugere, no entanto, que as declarações não corresponderiam aos fatos. "A verdade sempre aparece", diz Heleno, em mensagem enviada à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Em entrevista ao Congresso em Foco, Ricardo Cappelli afirmou que "muito possivelmente" as investigações sobre o 8 de janeiro apontarão o envolvimento do ex-ministro de Jair Bolsonaro (PL) na consumação dos atos golpistas.

À publicação, o chefe interino do GSI ainda questionou um suposto "sumiço" do general. "Ele desapareceu. Acho que quem se esconde teme a verdade, essa é minha opinião. O general Heleno está escondido. Onde? Quem consegue falar com ele?", disse Cappelli.

"Me chama atenção o fato de o valente, o valentão, que vivia aí incitando ataques às instituições da República, estar desaparecido há quatro meses. Cadê ele?", continuou.

Nesta terça-feira (8), em entrevista ao UOL, o ministro interino do GSI voltou a sugerir que houve participação do governo anterior nos atos golpistas que culminaram na depredação das sedes dos Três Poderes. "Tudo o que foi feito ao longo dos quatro anos colaborou para o que aconteceu no dia 8, principalmente depois da eleição do presidente Lula", afirmou Cappelli.

"Bolsonaro tem muito a explicar ao país porque até o dia 31 de dezembro ele era o comandante em chefe das Forças Armadas. Jamais poderia ter permitido que acampamentos se tornassem centros de planejamento de tentativas de golpe contra a democracia", disse ainda.

O GSI é comandado interinamente por Ricardo Cappelli desde a semana passada, quando o general Gonçalves Dias, então ministro, pediu demissão do cargo após a divulgação de imagens que colocam em xeque a atuação do órgão durante o ataque golpista de 8 de janeiro.

Gravação revelada pela CNN Brasil mostra que os vândalos receberam água dos militares e cumprimentaram agentes do GSI durante a ação no Palácio do Planalto.

Nos últimos quatro anos, sob a gestão de Augusto Heleno, o GSI esteve alinhado ao então presidente Jair Bolsonaro. O general nomeou militares de sua confiança que carregavam um grande sentimento antipetista.


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